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Há anos estamos acostumados a nos referir ao termo “custo Brasil”. A expressão é comumente utilizada para se referir aos entraves enfrentados no país, muito acima da normalidade e da comparação internacional. Eles aumentam o custo de produção por aqui, tornando nossas empresas e produtos menos competitivos e, em consequência, diminuindo nossa atividade econômica, prejudicando o crescimento do país, a geração de emprego e a renda da população. Entre os elementos do custo Brasil estão a péssima infraestrutura, a complexidade tributária, a burocracia excessiva, os altos encargos, as condições precárias de nossa educação, entre outros.
Após sete meses de governo Jair Bolsonaro e, especialmente após a escalada nas declarações polêmicas do presidente neste mês de julho, fica inegável a presença de um novo obstáculo à retomada do nosso crescimento: o custo Bolsonaro. A falta de foco do presidente, a insistência em priorizar temas irrelevantes em sua agenda, a relativização de privilégios e a manutenção do discurso inflamado de campanha, ora mentiroso, ora simplesmente desnecessário, prejudicam o trabalho de recuperação do país que está sendo muito bem conduzido por sua equipe técnica.
É verdade que não se pode acusar Bolsonaro de estelionato eleitoral. As atitudes na Presidência de Bolsonaro são perfeitamente compatíveis com seu histórico de parlamentar corporativista, sem participação nos grandes debates nacionais, e que sempre utilizou o mandato de forma personalista e sem a menor preocupação com fatos e com o bom uso dos recursos públicos. Porém, mesmo não tendo apoiado ou sequer votado em Bolsonaro (votei em João Amoêdo no primeiro turno, e eu e o Partido Novo não apoiamos nenhuma candidatura no segundo), confesso que tinha uma ponta de esperança de que o presidente Bolsonaro seria diferente do deputado Bolsonaro.
É claro que não se pode negar os méritos do presidente. Além de ter sido a alternativa que se mostrou capaz de interromper o projeto hoje comprovadamente criminoso de poder do PT, Bolsonaro conseguiu montar um ministério que, excetuando alguns nomes mais polêmicos, em geral é muito qualificado e tem apresentado projetos essenciais para sairmos da estagnação econômica e fazermos o país como um todo avançar.
São méritos do presidente e sua equipe a apresentação de uma boa proposta de reforma da Previdência, o envio de medidas que buscam desburocratizar o setor produtivo do país, como a MP (Medida Provisória) da Liberdade Econômica, o início das agendas de privatizações, como a venda do controle da BR Distribuidora, e a finalização do acordo de livre comércio entre União Europeia e o Mercosul. Também são notícias positivas o programa Pró-infra e as concessões na área de infraestrutura, e o Future-se, programa do Ministério da Educação que busca profissionalizar a gestão das universidades federais e ampliar as suas fontes de receita.
Tiago Mitraud
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