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As eleições de 2018 foram marcadas por discursos de renovação política. Na prática, trouxeram a maior taxa de renovação registrada desde 1998 e, dos 513 deputados federais, 102 vão assumir um mandato na Câmara pela primeira vez . Estando entre esses 102 parlamentares gostaria de falar sobre essa renovação.
A renovação política existe de fato quando vai além das pessoas e se traduz em mudança de ideias e práticas. Nesta coluna, gostaria de focar no segundo tipo de mudança. Para mim, a renovação de práticas teve início no próprio processo eleitoral, que foi marcado por um choque, quase cultural, entre quem acreditava que só seria possível fazer campanha do modo usual e aqueles que, como eu, enxergaram ser hora de mudança efetiva.
As tabelas com o preço a ser pago para diferentes lideranças, como pastores e diretores de escola, em troca do apoio eleitoral de suas comunidades chegavam até nas caixas de entrada das redes sociais. Ao dizer não a essa e outras velhas práticas eleitorais, sempre ouvia que, no Brasil, campanha funcionava assim e que deveria me adaptar ou seria derrotada.
Não tenho dúvida de que muitos se elegeram comprando o apoio de lideranças e fazendo caixa dois. Mas estou entre aqueles que jogaram limpo e puderam provar ser possível fazer política de forma diferente. Essa eleição permitiu isso.
A luta não foi fácil. Para poder ter chance em uma campanha ainda muito marcada pela falcatrua e pelos acordos escusos, mobilizei mais de 5.000 voluntários nas ruas e nas redes sociais e recebi 429 doações, compensando o fato de não ter nenhuma doação que representasse mais de 10% do meu orçamento. A principal inovação da minha campanha foi tirar os intermediários da frente e falar direto com os eleitores.
Tabata Amaral
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