Economistas: a chave para o deficit na área de ciência de dados

Ensaio

Economistas: a chave para o deficit na área de ciência de dados
Foto: Edgar Su/Reuters - 26/07/2014

Vagner Prussak Vons e Walcir Soares Junior


16 de julho de 2023

Habilidades em análise e compreensão do contexto econômico e empresarial capacitam profissionais a desempenhar papel fundamental na obtenção de insights valiosos e na contribuição para a tomada de decisões informadas

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A habilidade de obter, entender, processar, extrair valor, visualizar e se comunicar com dados será extremamente importante nas próximas décadas. Contudo, atualmente há um deficit na área: a demanda por profissionais é crescente, mas não temos cientistas de dados suficientes para suprir essa demanda. A ciência de dados desempenha um papel crucial na resolução de problemas complexos e na tomada de decisões e, à medida que avançamos e a disponibilidade de dados aumenta, a tendência é que esses profissionais sejam ainda mais procurados e bem-remunerados.

A análise de dados revela informações valiosas por meio de representações gráficas, facilitando a compreensão dos resultados obtidos, e o cientista de dados é essencial nesse processo, permitindo a criação de narrativas e insights enriquecedores, transformando dados em informação. O trabalho no qual esse artigo se baseou, levantou a questão da aderência da profissão do economista à carreira como cientista de dados, considerando o Código de Ética do Corecon (Conselho Regional de Economia) e as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de ciências econômicas. Com o auxílio do Ranking Universitário Folha de 2019, foi feita a seleção das 70 principais universidades que oferecem o curso de bacharel em economia no Brasil.

O trabalho partiu de uma classificação das grades curriculares dessas diversas instituições, identificando habilidades primárias e secundárias e relacionando-as às principais habilidades de um profissional cientista de dados. Analisando as habilidades contidas nos grupos, tornou-se possível distinguir cada uma delas e o quão significativa é sua presença dentro dos cursos de economia. Os resultados mostraram que as habilidades primárias mais predominantes estão relacionadas aos conhecimentos gerais em negócios, seguidas de habilidades em inteligência artificial e conhecimentos gerais em computação. A análise das habilidades secundárias também mostrou a predominância das habilidades relacionadas aos conhecimentos gerais em negócios, mas com uma inversão em relação às habilidades primárias.

Papel dos cidadãos cientistas de dados se destaca como ponte entre o conhecimento econômico e as habilidades analíticas necessárias para lidar com os desafios da era digital

Ao cruzar as habilidades primárias e secundárias, é possível traçar o perfil do economista ao longo de sua graduação. Economistas se tornam candidatos ideais para atuar como o que foi conceituado como cidadãos cientistas de dados, ou CCD, uma vez que possuem habilidades analíticas e de visualização de dados. Instituto Gartner definiu o CCD como profissionais ocupacionais que já atuavam na área dos negócios, com conhecimentos analíticos e estatísticos, mas não tão avançados quanto os conhecimentos específicos dos cientistas de dados profissionais. Todavia, esses profissionais possuem habilidades suficientes para manusear softwares especializados e realizar análises preditivas e descritivas preliminares, o que proporciona insights para a sua área de atuação no domínio do negócio, ocasionando uma alta procura nas empresas por CCD.

O CCD desempenha um papel intermediário, investigando novos dados e apoiando a melhoria de modelos existentes. Embora não possuam habilidades avançadas em programação, eles são capazes de analisar dados, criar visualizações personalizadas e tomar decisões de negócios com base nas análises realizadas.

Em um mundo cada vez mais orientado por dados, o papel dos CCDs se destaca como uma ponte entre o conhecimento econômico e as habilidades analíticas necessárias para lidar com os desafios da era digital. Apesar de não possuírem habilidades avançadas em programação, sua capacidade de extrair significado dos dados, criar visualizações personalizadas e tomar decisões de negócios embasadas em análises sólidas é inestimável. Nesse sentido, o estudo conclui que os economistas possuem um potencial promissor para preencher a lacuna de profissionais nesse campo em constante crescimento. Suas habilidades em análise de dados e compreensão do contexto econômico e empresarial os capacitam a desempenhar um papel fundamental na obtenção de insights valiosos e na contribuição para a tomada de decisões informadas no mundo dos dados.

Ao unir seus conhecimentos em economia, negócios e ciência de dados, os economistas podem se tornar agentes de mudança, impulsionando a adoção de estratégias baseadas em dados nas organizações e contribuindo para a resolução de problemas complexos em diversas áreas. Compreendendo a importância do trabalho colaborativo entre profissionais de diferentes campos, os economistas podem se juntar a governantes, acadêmicos, setor privado, organizações não governamentais e cidadãos, trabalhando em conjunto para impulsionar a transformação e o desenvolvimento sustentável.

Vagner Prussak Vons é egresso do curso de Ciências Econômicas da Universidade Positivo.

Walcir Soares Junior (Dabliu) é doutor em Desenvolvimento, professor do curso de Ciências Econômicas na Business School da Universidade Positivo.

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