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Luiz Ruffato


12 de fevereiro de 2022

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Foto: Filipe Ruffato/Divulgação

O escritor Luiz Ruffato indica livros que contextualizam a relevância do movimento modernista nos campos artístico, político e social

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No ano em que se comemoram os 100 anos da Semana de Arte Moderna, ocorrida em São Paulo em fevereiro de 1922, vários livros foram lançados ou relançados, oferecendo uma excelente oportunidade para que as pessoas reflitam sobre os inúmeros aspectos desse movimento de vanguarda e sua importância não só no âmbito artístico, mas também político e social. Hoje, os fundamentos do modernismo já se encontram tão entranhados no nosso cotidiano que nem percebemos mais como foram difíceis, e por isso fundamentais, os esforços iniciais dos vários grupos espalhados pelo Brasil afora, tendo como epicentro a capital paulista Mas, para além de reificar o episódio da Semana de 22, podemos agora ampliar os nossos conhecimentos e questionar alguns pontos estabelecidos como definitivos. Abaixo, selecionei cinco títulos que nos ajudam a pensar sobre o modernismo em sua época e as consequências das atitudes modernistas posteriores.

Modernismos 1922-2022

Org. Gênese Andrade (Companhia das Letras, 2022)

Reunião de 29 ensaios que discutem vários temas relacionados ao modernismo, como literatura, música, artes plásticas, a participação das mulheres no movimento, a apropriação dos imaginários indígena e africano, além de releituras, confrontações e redimensionamento da importância de São Paulo na disseminação das ideias vanguardistas e sua assimilação Brasil afora. Obra fundamental para a compreensão do modernismo em sua época e hoje.

Diário confessional

Org. Manuel da Costa Pinto (Companhia das Letras, 2022)

Organizado pelo crítico Manuel da Costa Pinto, os diários de Oswald de Andrade, que cobrem os anos de 1948 a 1954, permaneceram inéditos até agora. Neles, nos deparamos com um homem obcecado pela falta de dinheiro e pela possibilidade de não conseguir proporcionar à família condições dignas de vida. Ao lado disso, ele vai anotando comentários sobre literatura, filosofia e sociologia, entre outros assuntos, e sobre mudanças no cenário político e cultural brasileiro.

Vanguarda europeia e modernismo brasileiro: Apresentação e crítica dos principais manifestos vanguardistas

Gilberto Mendonça Teles (José Olympio, 2022)

Livro importante para quem quer conhecer os fundamentos estéticos do modernismo brasileiro a partir de seus similares europeus. São publicados, na íntegra, manifestos e textos basilares da literatura de vanguarda europeia, a partir de meados do século 19, até os manifestos de grupos brasileiros – e, neste caso, não se limitando ao período propriamente modernista, mas estendendo-se até movimentos mais recentes, como o concretismo e poema-processo.

1922 – A semana que não terminou

Marcos Augusto Gonçalves (Companhia das Letras, 2012)

Um levantamento exaustivo dos fatos que antecederam a realização da Semana de Arte Moderna, ocorrida entre 13 e 17 de fevereiro de 1922, em São Paulo. O livro reconstitui passo a passo o evento, mostrando as relações entre os participantes, alcançando ao mesmo tempo a profundidade do ensaio acadêmico, por meio de extensa pesquisa bibliográfica, e a clareza do texto jornalístico.

Mário de Andrade: Inda bebo no copo dos outros

Org. Yussef Campos (Autêntica, 2022)

Reunião de textos de Mário de Andrade dispersos em livros, jornais e revistas, que trazem à tona debates e reflexões sobre a estética modernista. Além de “Prefácio interessantíssimo” e “A escrava que não é Isaura”, são publicados a famosa série “Mestres do passado”, em que Mário de Andrade critica a poesia parnasiana, e textos originalmente impressos nas páginas da revista Klaxon, primeiro veículo brasileiro a divulgar produções modernistas.

Luiz Ruffato é autor de “Revista Verde, de Cataguases: Contribuição à história do modernismo”, “Eles eram muitos cavalos”, “Inferno provisório” e “O verão tardio”, entre outros. Seus livros ganharam os prêmios Machado de Assis, APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes), Jabuti e Casa de las Américas e estão publicados em 13 países. Em 2016 recebeu o Prêmio Internacional Hermann Hesse, na Alemanha.

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