O caminho do homem-morcego no cinema até o noir de ‘Batman’
Murillo Otavio e Cesar Gaglioni
02 de março de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h22)Dirigido por Matt Reeves e protagonizado por Robert Pattinson, 9º filme solo destaca o lado ‘detetivesco’ do super-herói de Gotham City
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Robert Pattinson em “The Batman”
A nova adaptação das histórias do Batman para o cinema, dirigida por Matt Reeves, de “Planeta dos macacos: A Guerra”, aposta em uma história detetivesca, inspirada no cinema noir dos anos 1940 e 1950. O longa também explora questões sociais, políticas e econômicas como as relações entre desigualdade e criminalidade e a falta de credibilidade das instituições públicas por parte da população, ecoando suspenses da década de 1970. “Batman” estreia nos cinemas brasileiros na quinta-feira (3).
Na nova versão, o homem-morcego é interpretado por Robert Pattinson, que ganhou popularidade global por interpretar Edward Cullen na saga “Crepúsculo”. Esse é o nono filme solo do herói, o primeiro em 10 anos, seguindo a conclusão da aclamada trilogia dirigida por Christopher Nolan. O elenco também conta com nomes como Paul Dano (Charada), Andy Serkis (Alfred), Zoë Kravitz (Mulher-Gato) e Colin Farrell (Pinguim).
Neste texto, o Nexo relembra outras versões do famoso personagem dos quadrinhos e sua evolução até “Batman”, além de elencar as referências cinematográficas que guiaram Matt Reeves.
O Batman foi criado em 1939, por Bob Kane e Bill Finger, para a revista em quadrinhos “Detective Comics”.
Bruce Wayne viu seus pais sendo mortos violentamente nos becos escuros de Gotham City, e, por isso, decidiu se vingar dos assassinos, treinando artes marciais e se apresentando como um vigilante urbano.
Bilionário americano e magnata de negócios, Bruce incorporou o Batman, super-herói que não tem habilidades sobrenaturais, mas tem infraestrutura, como super-carros e equipamentos de combate.
Nas décadas de 1940, 1950 e 1960, o Batman foi apresentado de uma forma irreverente e bem-humorada, com o público infantil em mente. A partir das décadas de 1970 e 1980, o personagem tomou contornos mais sombrios, ganhou ares dramáticos e se tornou a figura carrancuda e trágica que o representa até os dias de hoje.
BATMAN: O FILME (1966)
Lançado em 1966, “Batman: O filme”, foi dirigido por Leslie Herbert, trazendo um estilo irreverente e icônico, sendo destaque da pop-art . O ator Adam West protagonizou o homem-morcego e Burt Ward interpretou Robin. Coringa, Mulher-Gato, Pinguim e Charada são os vilões desse filme.
BATMAN (1989)
“Batman”, segundo filme do homem-morcego, foi lançado em 1989 e contou com a direção de Tim Burton, tornando a temática mais densa e séria, destoando da primeira versão. Michael Keaton interpretou o Batman e Jack Nicholson atuou como Coringa, tendo papel fundamental na transformação do personagem de palhaço no crime.
BATMAN: O RETORNO (1992)
Novamente com Tim Burton na direção, “Batman: O Retorno” deu continuidade à história do longa anterior, mas dessa vez o homem-morcego, estrelado por Michael Keaton, precisa enfrentar o Pinguim. O vilão ganhou vida mais uma vez nos cinemas, dessa vez na interpretação de Danny DeVito. Além do Pinguim, Batman precisa combater a Mulher-Gato, interpretada por Michelle Pfeiffer.
BATMAN ETERNAMENTE (1995)
“Batman eternamente” foi lançado em 1995, dirigido por Joel Schumacher. Foi considerado oposto aos filmes anteriores, por apostar em uma aventura mais colorida e bem-humorada, ecoando o que era feito nos anos 1960. Tommy Lee Jones e Jim Carrey interpretaram os vilões Duas-Caras e Charada, respectivamente. O homem-morcego foi interpretado por Val Kilmer .
BATMAN & ROBIN (1997)
Com um foco ainda maior na comédia e em um estilo que homenageia o seriado dos anos 1960, “Batman & Robin ”, teve a substituição de Val Kilmer por George Clooney no personagem principal. O Sr. Frio, um dos vilões, foi interpretado por Arnold Schwarzenegger. O longa foi um fracasso de público e de crítica.
BATMAN BEGINS (2005)
Lançado em 2005, “Batman Begins” dá início às maiores audiências já registradas pelo personagem. Christian Bale interpretou o protagonista. O filme também trouxe os vilões Ra’s Al Ghul e Espantalho, vivido pelos atores Liam Neeson e Cillian Murphy, respectivamente.
BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS (2008)
Primeiro filme de super-heróis a passar a marca de US$ 1 bilhão nas bilheterias, ele recebeu oito indicações ao Oscar e venceu duas. Com fortes doses de suspense, a aventura contou com a memorável interpretação de Heath Ledger como Coringa, e apresentou o vilão Duas Caras com Aaron Eckhart.
BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE (2012)
“Batman – O cavaleiro das trevas ressurge”, lançado em 2012, fechou a trilogia de Nolan com boa aceitação. O filme tem a Mulher-Gato como uma das vilãs, interpretada por Anne Hathaway. O último longa de Nolan manteve as características da trilogia que começou em 2005.
Matt Reeves tentou se afastar de convenções do gênero de super-heróis em “Batman”. Para além de cenas de ação grandiosas, o foco ali é mostrar o homem-morcego como um detetive. Para isso, o cineasta bebeu da fonte de filmes investigativos.
Reeves tinha como objetivo criar um filme noir – movimento de histórias policiais com personagens moralmente ambíguos que marcou o cinema hollywoodiano entre as décadas de 1930 e 1950– em que “Batman” pudesse ser visto como uma história detetivesca, que fosse independente da mítica que existe em torno do personagem.
As principais influências foram “Todos os homens do presidente” (1974), filme que fala sobre os jornalistas do The Washington Post que descobriram um escândalo de corrupção no governo americano, culminando na renúncia do então presidente Richard Nixon; “Chinatown” (1974), que mostra um detetive interpretado por Jack Nicholson que descobre um escândalo no fornecimento de água em Los Angeles; e “Seven” (1995) que mostra dois detetives investigando a atuação de um serial killer que transforma assassinatos em performances inspiradas nos sete pecados capitais da Bíblia cristã.
“Essa mistura ressoou comigo, eu senti que tinha uma pegada ali”, disse Reeves ao jornal The New York Times. Elementos do mundo real também influenciaram o filme. O vilão Charada (Paul Dano) teve seu visual inspirado no Assassino do Zodíaco , serial killer que aterrorizou a Califórnia nos anos 1970 e nunca foi descoberto.
Além disso, o Charada também conta com um discurso de extrema direita, disseminado em fóruns de internet. Em dado momento, “Batman” mostra um plano do vilão que traz semelhanças com o movimento de apoiadores do ex-presidente americano Donald Trump que invadiu o Congresso dos Estados Unidos em janeiro de 2021.
Por apostar em uma pegada autoral e diferente das tradições do gênero, Reeves temeu censuras institucionais por parte do estúdio Warner. “Há um imperativo atualmente no mercado que diz que se você sabe que o ‘filme 6’ vai acontecer, você não pode fazer determinadas escolhas no ‘filme 5’. Eles podiam cancelar tudo a qualquer momento”, disse ao New York Times. “Mas, depois, me deram todo o apoio que eu precisava.”
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