Expresso

Quais os potenciais avanços da retomada de missões à Lua

Cesar Gaglioni

29 de agosto de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h40)

Programa Artemis, da Nasa, pretende voltar a levar astronautas ao satélite da Terra. Objetivo final do projeto é chegar a Marte

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FOTO: DIVULGAÇÃO/NASA

Artemis 1, missão da Nasa que vai circundar a Lua

Artemis 1, missão da Nasa que vai circundar a Lua

A humanidade pretende voltar à Lua ainda na década de 2020. O primeiro passo para essa empreitada seria dado nesta segunda-feira (29), com o lançamento da missão Artemis 1 da Nasa, a agência espacial americana. No entanto, uma falha nos motores do foguete fez com que o evento fosse adiado. Ele foi remarcado para sábado (3), mas também foi postergado ainda sem nova data definida devido a um vazamento.

A missão Artemis 1, não tripulada, é a primeira etapa de uma iniciativa da Nasa para levar humanos ao satélite natural da Terra em 2024 e 2025. O objetivo é preparar o terreno para missões de exploração em Marte durante a década de 2030.

Neste texto, o Nexo elenca os avanços potenciais da retomada de missões à Lua e explica por que Marte é vista como o próximo objetivo da exploração espacial humana.

A missão Artemis 1

O programa Artemis começou a ser desenvolvido em 2010, após decreto assinado pelo então presidente americano, Barack Obama. A iniciativa é considerada uma “sucessora espiritual” do projeto Constellation, que começou em 2005 mas acabou falhando após cortes orçamentários na Nasa.

US$ 4 bilhões

foi o investimento na missão Artemis 1

Primeiro programa de exploração lunar desde a iniciativa Apollo (1961-1972), que levou o homem à Lua em 1969, a iniciativa Artemis quer mandar astronautas ao satélite em 2024 e 2025. Até lá, os investimentos terão crescido significativamente.

US$ 93 bilhões

é o investimento projetado para o programa até 2025

O lançamento da Artemis 1 estava marcado para segunda-feira (29). No entanto, um vazamento no tanque de combustível do foguete fez com que a partida fosse adiada. A expectativa é de que ele aconteça em 2 ou 5 de setembro.

Quando lançada, a Artemis 1 vai ficar 42 dias no espaço. O foguete vai implementar quatro satélites em órbita, circunavegar a Lua e aproveitar a gravidade lunar para pegar impulso de volta à Terra.

As etapas do programa

Artemis 1

Com lançamento previsto para 2022, vai passar 42 dias no espaço e circunavegar a Lua.

Artemis 2

Planejada para 2024, a missão deve levar quatro astronautas ao espaço, circunavegando a Lua, com um voo que deve durar 10 dias, sem um pouso no satélite natural.

Artemis 3

Programada para 2025, a missão também vai levar quatro astronautas para o espaço, mas contará com um pouso lunar. Ela tem previsão para durar 30 dias.

Artemis 4

A missão está prevista para 2027, e deve levar quatro astronautas para um pouso lunar com o objetivo de entregar equipamentos para o Lunar Gateway, laboratório que deve começar a ser construído pela Nasa em 2024 a partir de outra iniciativa da agência e que servirá como uma base de estudos na Lua.

Artemis 5 e 6

As duas últimas missões do programa Artemis estão planejadas para acontecer em 2028. Ambas têm como objetivo entregar outros módulos de monitoramento e experimentação para o Lunar Gateway.

Destino: Marte

Apesar de ter como objetivo imediato levar seres humanos de volta à Lua, o destino final da iniciativa Artemis é transportar as primeiras pessoas a Marte.

O planeta vermelho – vizinho imediato da Terra – tem despertado o fascínio da humanidade há séculos. Inúmeras são as histórias – livros, filmes, séries – que retratam Marte de alguma forma.

Marte tem características geográficas similares à Terra – tanto em tamanho, quanto em gravidade. Um dia em Marte tem 24h 40min – pouco mais do que a Terra. Por outro lado, o ano marciano dura 687 dias.

Sabe-se que Marte tem grandes reservas de água em seus pólos glaciais. Missões não tripuladas – como o robô Curiosity – foram enviadas ao planeta para fazer novas descobertas sobre ele.

A ideia é que Marte possa ser uma fonte de recursos naturais para a humanidade – ou até mesmo uma nova morada para colônias espaciais. A exploração também pode ser importante para entender o clima terrestre – e como ele pode mudar drasticamente ao longo dos anos, já que sabe-se que Marte um dia teve uma atmosfera úmida e temperaturas agradáveis, antes de se tornar árida e fria, como é hoje.

Os EUA querem capitanear esse movimento para manter sua hegemonia na corrida espacial, conquistada durante a Guerra Fria (1947-1991). Atualmente, a China é um grande concorrente do país na área.

Dependendo das descobertas, também será possível entender melhor as origens da vida . “Isso é uma questão central para a filosofia, as religiões e a ciência”, afirmou Darrell West, vice-presidente do Instituto Brookings de Pesquisa, nos EUA, em artigo no site da instituição.

“As razões científicas para ir para Marte podem ser resumidas em : busca por vida, compreensão da superfície e da evolução do planeta e preparação para futuras explorações humanas”, diz o site da Esa, a agência espacial europeia.

A ideia da colonização humana em Marte, impulsionada também por bilionários, tem seus críticos . Eles afirmam que pensar em ocupar o planeta vermelho acaba ignorando problemas que estão acontecendo na Terra atualmente, e que precisam de solução urgente.

“É uma crença que o que realmente importa é o potencial de longuíssimo prazo da humanidade. Um futuro alegadamente pós-humano, com a colonização do sistema solar, da galáxia e do Universo”, afirmou Rupert Read, professor de filosofia da Universidade de East Anglia no site The Conversation em fevereiro.

“Os proponentes desse tipo de ideia veem algo como a crise climática como um problema pequeno, já que acham que inovações tecnológicas dentro do mundo rico vão eventualmente ‘resolver’ a mudança climática”, disse.

Exploração espacial e tecnologia

“O espaço, a fronteira final ”, dizia o capitão James T. Kirk no início de todo episódio da série televisiva “Star Trek” (1966-1969). Os céus sempre despertaram fascínio e encantamento na humanidade. Para muitos, lar de deuses. Para outros tantos, lar de dúvidas que devem ser respondidas.

No começo século 21, sabemos muito mais sobre o céu, sobre o espaço e sobre o Universo. E como o conhecimento cresce em forma de progressão, não é exagerado afirmar que sabemos hoje muito menos do que saberemos no próximo século.

As viagens espaciais impactam nosso dia a dia já há algumas décadas. Você está lendo este texto no Nexo , um jornal digital, hospedado na internet. Se você está acessando a rede mundial de computadores usando uma conexão de rede móvel – 3G, 4G ou 5G – agradeça aos satélites que estão em órbita, já que são eles que possibilitam a sua conexão.

Os sistemas que se utilizam de GPS também dependem diretamente dos satélites para funcionar. Com eles, você pode se localizar em um mapa digital ou requisitar serviços por meio de aplicativos, por exemplo.

Explorar o espaço, no futuro, pode trazer uma série de benefícios econômicos aos países que se aventurarem nessa área, a partir da criação de empregos e a captação de impostos.

Além disso, as viagens espaciais são oportunidades para ampliar a base de conhecimento humano e responder dúvidas acerca do Universo que nos cerca. As perguntas ainda são muitas, mas o lançamento de sondas como as da Iniciativa Voyager, de telescópios, como o Hubble da Nasa, e de operações tripuladas para a Estação Espacial Internacional podem ser o estopim para grandes descobertas que, no futuro, podem vir a ter aplicações práticas na nossa vida cotidiana.

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