FOTO: Reprodução/CityApp

Foto do mapa interativo criado por Fitzpatrick

Ecologista da Universidade de Maryland, Matthew Fitzpatrick elaborou um mapa interativo que projeta o futuro climático de 40 mil cidades ao redor do mundo.

A ideia surgiu quando Fitzpatrick preparava um artigo para a revista científica Nature em 2019 sobre projeções estatísticas sobre os efeitos do aquecimento global.

O mapa tem como objetivo sensibilizar o público para as consequências da mudança climática, caso não sejam tomadas medidas para freá-la.

Como o mapa funciona

Ao entrar no site do mapa, é possível digitar o nome de uma cidade ou procurá-la visualmente — as localizações disponíveis estão representadas por pontos roxos espalhados pelos continentes. Basta clicar num ponto para selecionar uma cidade.

O mapa mostra como ela estará em 2080 e traça uma linha vermelha até outra localidade cuja característica climática atual se assemelha ao futuro da cidade selecionada.

São Paulo, por exemplo, terá um clima semelhante ao clima atual de Ribas do Rio Pardo, município do Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste do país. O maior centro urbano brasileiro terá um nível de umidade maior e estará 3,8ºC mais quente no verão e 4,1ºC mais quente no inverno.

FOTO: Reprodução/CityApp

Print do mapa interativo mostrando a analogia climática entre São Paulo de 2080 e Ribas do Rio Pardo (MS) atualmente

Também em 2080, Porto Alegre terá clima semelhante a Puerto Esperanza Misiones, na Argentina. A capital gaúcha será 3,7ºC mais quente e 10% mais úmida.

Já Brasília será 6ºC mais quente em 2080. A capital federal será ainda mais seca, com clima semelhante a Rondonópolis, no Mato Grosso.

Para algumas cidades da região Norte e Nordeste do Brasil, não há projeção. Se você escolher Porto Velho, em Rondônia, ou Belém, no Pará, o mapa dirá: “o clima futuro para desse local será diferente de qualquer coisa encontrada atualmente na Terra”.

De acordo com o mapa interativo, a média do aumento das temperaturas das cidades é de 3ºC a 5ºC até 2080.

O mapa também permite visualizar a situação das cidades caso haja medidas efetivas contra as mudanças do clima. A média do aumento de temperatura geral cairia para o intervalo de 1ºC a 3ºC.

É possível visualizar essa alternativa otimista clicando na aba “Settings”, no canto superior esquerdo, e selecionando “What if we reduce emissions?”.

Método de previsão

Para fazer as previsões, Fitzpatrick abasteceu o servidor do mapa com dados do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e do seu artigo publicado na Nature em 2019. 

Os dados foram então submetidos à mesma técnica de estatística utilizada no artigo, chamada mapeamento análogo climático.

Através de analogias, o método torna as previsões científicas complexas mais acessíveis e compreensíveis para o público, utilizando como referência climas atuais de locais conhecidos.

Limitações das projeções

O mapeamento análogo climático não leva em consideração o aumento do nível do mar e eventos climáticos extremos, outros fatores decorrentes das mudanças climáticas.

Em entrevista à rede americana National Geographic, especialistas em clima falaram da dificuldade de prever o aumento da temperatura terrestre, principalmente diante da produção de gases de efeito estufa.

Pesquisador de condições climáticas extremas, Michael Wehner disse que “o aumento das temperaturas de futuras ondas de calor depende muito do quanto de dióxido de carbono iremos emitir no futuro”.

ESTAVA ERRADO: Uma versão anterior deste texto afirmava que Porto Velho ficava no Rio Grande do Norte, e não em Rondônia. A informação foi corrigida às 09h52 de 15 de julho de 2024.