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Volta da CPI tem choro, contradições e tentativa de blindar governo

Da Redação

03 de agosto de 2021(atualizado 28/12/2023 às 23h16)

Em depoimento, reverendo que intermediou negociações de vacina com Ministério da Saúde disse ter feito ‘bravata’ ao dizer que havia falado sobre imunizantes ‘com quem manda’

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FOTO: LEOPOLDO SILVA/AGÊNCIA SENADO – 3.AGO.2021

Imagem mostra o reverendo Amilton de Paula de terno, óculos e máscara branca, sentado à mesa. Ele segura com as duas mãos folhas de papel e olha para elas.

O reverendo Amilton de Paula, durante depoimento à CPI da Covid no Senado

Depois de duas semanas de recesso parlamentar, a CPI da Covid no Senado retomou os trabalhos na terça-feira (3), com o depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula, apontado como intermediador de uma tentativa de venda de vacinas da AstraZeneca para o Ministério da Saúde. Em sua fala, considerada confusa e cheia de contradições, ele tentou proteger o governo Bolsonaro e negou ter conexões políticas.

Fundador de uma ONG evangélica chamada Senah (Secretaria Nacional de Ajuda Humanitária), o religioso foi questionado sobre um áudio obtido pela CPI no qual diz ao policial militar Luiz Paulo Dominghetti (representante da americana Davati, que tentou vender 400 milhões de doses ao governo mesmo sem tê-las ) que estava em contato “com quem manda” para tratar das negociações. Os senadores dizem crer que a expressão é uma referência ao presidente Jair Bolsonaro. O referendo alegou ter feito apenas uma “bravata”. A negociação federal com a Davati é investigada por suspeita de propina .

Ele também negou conhecer funcionários do Ministério da Saúde, embora tenha tido facilidade para marcar uma reunião na pasta para tratar das vacinas. Em determinado momento, Amilton de Paula chorou, pediu desculpas ao país por ter se envolvido nas negociações e negou ter cometido fraude ou tirado “algo de alguém”. “Entendemos que fomos usados de forma odiosa para fins espúrios e que desconhecemos”, disse, acrescentando que seus atos não agradaram “aos olhos de Deus”.

Os senadores disseram estranhar a agilidade nas negociações intermediadas pelo reverendo com o governo, tendo em vista que grandes laboratórios como a Pfizer demoraram meses para obter respostas do ministério. “Vêm prefeitos para cá, querem ir ao ministério, e a gente não consegue levar. Agora o senhor sai num Uber, num táxi, chega ao ministério e é recebido no ministério? Me desculpe, reverendo, mas não dá para acreditar nisso. É muito furada essa história”, afirmou o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM).

Na sessão de terça-feira (3), os senadores decidiram retirar da pauta os requerimentos para convocar o ministro da Defesa, Walter Braga Netto. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), porém, apresentou outro requerimento com o mesmo pedido. A CPI aprovou ainda a quebra de sigilos do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), e de responsáveis por sites bolsonaristas que disseminam desinformação sobre a covid. Os senadores também anunciaram que vão pedir o afastamento de Mayra Pinheiro do Ministério da Saúde, servidora conhecida como ‘capitã cloroquina’ pela defesa que faz de remédios ineficazes.

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