FOTO: ADRIANO MACHADO /REUTERS

O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro se filiou nesta quarta-feira (10) ao Podemos. O movimento é o primeiro passo de uma possível candidatura à Presidência da República em 2022.

Embora não tenha anunciado intenção de concorrer a nenhum cargo específico, Moro discursou com tom de candidato em cerimônia realizada em Brasília. O Podemos deve tentar emplacar o ex-ministro como possível “ terceira via ” – ou seja, como alternativa ao presidente Jair Bolsonaro, que deve tentar a reeleição, e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de intenção de voto. Moro afirmou: “se for necessário assumir a liderança nesse projeto, meu nome sempre estará à disposição do povo brasileiro”.

Uma das linhas centrais do discurso do ex-ministro no evento foi o combate à corrupção , tema que o fez despontar no cenário nacional. “Chega de corrupção, chega de mensalão , chega de petrolão, chega de rachadinha , chega de orçamento secreto . Chega de querer levar vantagem em tudo e enganar o povo brasileiro”, disse, se referindo a esquemas associados aos governos do PT e de Bolsonaro.

Moro ganhou projeção como juiz que, à frente da 13ª Vara Federal em Curitiba, tomou decisões no âmbito da Operação Lava Jato, deflagrada em março de 2014.O então juiz federal condenou Lula em 2017 no caso tríplex e ajudou a levar à prisão o ex-presidente, após a confirmação da condenação em segunda instância. O petista acabou barrado de disputar as eleições de 2018. Depois, Moro aceitou o convite de Jair Bolsonaro, vencedor daquela eleição, para ser ministro da Justiça. Ele viria a deixar o cargo em abril de 2020, rompendo com o governo.

Além de Moro, Deltan Dallagnol – ex-procurador da República e ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná – também deve se candidatar para cargo político em 2022.

A filiação ao Podemos vai contra a promessa antiga de Moro de nunca entrar para a política . “Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem da política”, disse o ex-juiz em 2016. No discurso da quarta-feira, tentou reforçar a posição de “outsider” da política: “não tenho uma carreira política e não sou treinado em discurso político”, afirmou.O Podemos é presidido pela deputada Renata Abreu e tem integrantes que são alvo da Polícia Federal, da própria Lava Jato e da Justiça Eleitoral, como mostrou o Estado de S.Paulo.

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