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Revolta da Chibata faz 111 anos sob resistência oficial a seu líder

Da Redação

22 de novembro de 2021(atualizado 28/12/2023 às 23h32)

Levante de marinheiros contra os castigos corporais ocorreu em novembro de 1910. Mais de um século depois, Marinha questiona homenagem a João Cândido, liderança do movimento

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FOTO: CREATIVE COMMONS

O marinheiro João Cândido, conhecido como liderança da Revolta da Chibata

O marinheiro João Cândido, conhecido como liderança da Revolta da Chibata

Em 22 de novembro de 1910 tinha início a Revolta da Chibata, um levante de marinheiros contra os castigos corporais ocorridos dentro da corporação. A rebelião, que completa 111 anos em 2021, durou alguns dias e concentrou as atenções do meio político do país, que vivia o início do governo do marechal Hermes da Fonseca.

Os rebeldes “queriam uma Armada de cidadãos, não uma fazenda de escravos ”, descreveu o historiador José Murilo de Carvalho ao jornal Folha de S.Paulo em novembro de 2021. A abolição formal do regime escravista havia ocorrido mais de duas décadas antes, em 1888, mas uma “legislação paralela permitia a continuação das chibatadas na Marinha”, s egundo Carvalho. Os marinheiros eram quase todos negros e comandados por oficiais brancos.

Depois da revolta, reivindicações como a extinção da punição por chibatas foram atendidas, mas boa parte dos participantes acabaram presos, mortos ou mandados para seringais na Amazônia, conforme Atlas Histórico do Brasil da Fundação Getulio Vargas. João Cândido, liderança do movimento e conhecido na época como “Almirante Negro”, acabou expulso , preso e morreu na pobreza.

Mais de um século depois, em outubro de 2021, a Comissão de Educação do Senado Federal aprovou um projeto para escrever o nome de Cândido no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A proposta foi remetida para análise da Câmara dos Deputados.

A homenagem, porém, enfrenta resistência da Marinha . Em nota lida pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF) no colegiado no Senado, a corporação considera que o movimento “não pode ser considerado como ‘ato de bravura’ ou de ‘caráter humanitário’”, aponta que “vidas foram sacrificadas, incluindo duas crianças mortas, atingidas indiretamente após disparos de canhões pelos rebelados”, e diz que houve “rompimento da hierarquia e da disciplina.”

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