Desfiles no Rio exaltam luta antirracista e derrubam monumentos
Da Redação
23 de abril de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h28)Seis das doze escolas do grupo especial do carnaval carioca destacam o povo e a cultura negra em seus enredos de 2022. Salgueiro e Beija-Flor põem abaixo obelisco e estátuas de colonizadores
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Escola Beija-Flor de Nilópolis traz enredo “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”, em primeiro dia de desfile das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro
Depois do adiamento do carnaval de 2022 por causa da variante ômicron da covid-19, a sexta-feira (22) marcou o primeiro dia de desfile das escolas de samba que integram o grupo especial do Rio de Janeiro. Metade das agremiações traz no enredo a exaltação à cultura, à religião e à resistência do povo negro.
O Salgueiro falou de negritude. Iemanjá, rainha do mar, foi lembrada em um tripé e alas tiveram componentes vestidos como pais de santo, capoeiristas e ativistas pelos direitos dos negros. Personagens negros e negras foram lembrados, como Mercedes Baptista, primeira bailarina negra do Brasil , interpretada pela também bailaria Ingrid Silva. No desfile, a escola derrubou um obelisco em que estava escrito a palavra “racismo”.
Salgueiro desfila na primeira noite das escolas do grupo especial do Rio de Janeiro
A Beija-Flor mostrou a história sob a ótica do povo negro e dos seus intelectuais. O enredo destacou a contribuição intelectual negra para construção de um Brasil mais africano. O desfile também apresentou a contribuição cultural e artística dos povos africanos para a humanidade: filosofia egípcia, matemática, religião, astronomia e outros pilares do pensamento negro. Um dos carros alegóricos de destaque representou a derrubada de monumentos considerados racistas, a exemplo da estátua do bandeirante Borba Gato, que fica na zona sul de São Paulo e em 2021 foi incendiada pelo grupo Revolução Periférica.
Beija-Flor de Nilópolis derruba estátuas de colonizadores em primeiro dia de desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro
No desfile deste sábado (23) as escolas Paraíso do Tuiuti, Portela, Mocidade Independente e Grande Rio também vão destacar a história e ancestralidade africanas. A Tuiuti vai celebrar os ensinamentos dos orixás e daqueles que povoaram o mundo na diáspora africana. Mais antiga das escolas, a Portela conta a história do Baobá, árvore sagrada testemunha do tempo. A agremiação de Madureira lembrará que a árvore de origem africana tem sabedoria, resistência e ancestralidade, um portal misterioso para o mundo do divino.
A escola Mocidade Independente homenageia o orixá Oxóssi, que tem sob seu domínio o arco e a flecha. A Acadêmicos do Grande Rio vem com o enredo sobre Exu, a fim de desmistificar a imagem de um dos orixás mais importantes das religiões de matrizes africanas.
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