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Familiares pedem Justiça pela morte de Genivaldo de Jesus

Da Redação

27 de maio de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h31)

Homem que sofria de transtornos mentais foi assassinado por policiais rodoviários federais em cidade de Sergipe. Agentes transformaram viatura numa câmara de gás

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FOTO: AMANDA PEROBELLI/REUTERS

Manifestantes penduram faixa contra a Polícia Federal Rodoviária em protesto em São Paulo

Manifestantes penduram faixa contra a Polícia Federal Rodoviária em protesto em São Paulo

Familiares, amigos e representantes de movimentos sociais protestaram em frente à sede da Polícia Rodoviária Federal, em Aracaju, na manhã desta sexta-feira (27). Eles pediram Justiça após a morte de Genivaldo de Jesus Santos, assassinado por agentes da corporação ao ser colocado dentro do porta-malas de uma viatura junto com uma bomba de gás lacrimogêneo no município de Umbaúba na quarta-feira (25). Também houve um protesto na frente da sede da Polícia Rodoviária Federal em São Paulo.

Na quinta (26), moradores de Umbaúba já haviam realizado uma manifestação, fechando trechos da rodovia BR-101 com pneus queimados. Além disso, as redes sociais foram tomadas por postagens repudiando a ação truculenta dos policiais. Artistas como Camila Pitanga e Fábio Assunção compartilharam uma ilustração que pede Justiça.

Segundo o boletim de ocorrência, Genivaldo, que foi parado pelos policiais por estar dirigindo uma moto sem usar capacete, teria se negado a levantar sua camisa e colocar as mãos na cabeça, o que elevou “o nível de suspeita da equipe”. Imagens publicadas nas redes sociais mostram que na sequência ele foi jogado no chão, imobilizado e amarrado nos pés e nas mãos. Depois disso, os agentes o colocaram dentro do porta-malas da viatura. Após alguns minutos, uma fumaça começa a sair do carro. Um relatório do Instituto Médico Legal de Sergipe concluiu que a morte foi causada por asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda.

Os policiais rodoviários federais que assinaram a ocorrência são Clenilson José dos Santos, Paulo Rodolpho Lima Nascimento, Adeilton dos Santos Nunes, William de Barros Noia e Kleber Nascimento Freitas. Uma nota divulgada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública diz que a morte de Genivaldo expõe “o despreparo da instituição em garantir que seus agentes obedeçam a procedimentos básicos de abordagem que orientam os trabalhos das forças de segurança no Brasil .

De acordo com a família da vítima, ela sofria de esquizofrenia e tomava medicamentos controlados há 20 anos. Ao site G1 Wallyson de Jesus, sobrinho de Genivaldo, afirmou que estava presente na abordagem, e que disse aos agentes que o tio sofria de transtornos mentais – mas não foi ouvido. A família abriu um boletim de ocorrência junto à Polícia Civil.

A Polícia Rodoviária Federal informou que afastou os agentes envolvidos e abriu um processo disciplinar para elucidar os fatos, sem deixar claro se a medida afeta todos os cinco que assinaram a ocorrência. A Defensoria Pública da União classificou o caso como “ato de tortura”. O ministro da Justiça, Anderson Torres, afirmou que a pasta vai “esclarecer o episódio com a brevidade que o caso requer”. O Ministério Público Federal abriu, na quinta (26), um procedimento para acompanhar as investigações, dando um prazo de 48 horas para Polícia Rodoviária Federal e à Polícia Civil de Umbaúba compartilharem informações.

Jair Bolsonaro disse a jornalistas que o perguntaram sobre o caso que iria se inteirar com a Polícia Rodoviária Federal.Uma coisa é execução. A outra… Eu não sei o que aconteceu. A execução, ninguém admite ninguém executar ninguém. Mas não sei o que aconteceu para te dar uma resposta adequada, disse o presidente na quinta (26).

O assassinato do homem de 38 anos também causou repercussão na imprensa internacional. Veículos de comunicação países como Inglaterra, Estados Unidos, Espanha e França noticiaram o fato. O jornal britânico The Guardian comparou a morte de Genivaldo com o assassinato de George Floyd, que também era negro e foi asfixiado em 2020 por um policial em Minneapolis, nos Estados Unidos. O jornal El País, da Espanha, descreveu o caso como um “episódio selvagem de brutalidade policial”. O francês Le Parisien disse que o fato “chocou o Brasil”.

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