Nova ministra do Turismo mantém vínculo com círculo miliciano
Da Redação
03 de janeiro de 2023(atualizado 28/12/2023 às 21h22)Daniela Carneiro, do União Brasil, diz que ‘cabe à Justiça julgar’ ao comentar aliança em 2018 com homem condenado por homicídio. Na campanha de 2022, ela recebeu apoio da esposa dele
A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, em Brasília
Nomeada ministra do Turismo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Daniela Carneiro, conhecida como Daniela do Waguinho, mantém proximidade desde pelo menos 2018 com Juracy Prudêncio, um ex-policial militar condenado pela Justiça do Rio de Janeiro como chefe de milícia na Baixada Fluminense.
Em reportagem publicada nesta terça-feira (3), o jornal Folha de S.Paulo mostra que a esposa dele,a ex-vereadora Giane Prudêncio, apoiou a candidatura de Carneiro à reeleição. Ela chegou a subir no palco com Carneiro e Márcio Canella, candidato a deputado estadual pelo União Brasil, e divulgou nas redes sociais eventos da campanha. Carneiro foi reeleita deputada federal pelo União Brasil como a mais votada do Rio de Janeiro.
Na campanha eleitoral de 2018, quando Carneiro era do MDB, o ex-PM, conhecido como Jura, cumpria regime semiaberto, condenado por homicídio e associação criminosa, e foi ativo na defesa da candidatura . Jura chegou a organizar comício para as campanhas de Carneiro e de Canella, que na época também estava no MDB.
Fotos mostram Jura, Carneiro e o esposo da ministra, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, juntos numa festa de aniversário. Numa outra foto, em que Carneiro aparece com Jura, ela faz uma legenda de agradecimento ao miliciano e o chama de “liderança”.
“Agradecemos pela recepção das lideranças Geane [Giane] e Jura, e pelo carinho de toda população local”
Jura foi preso em 2009, quando já somava 26 anos de pena acumulada pela prática de ameaças, extorsões e homicídio na Baixada. Em 2018 estava em regime semiaberto porque havia conseguido trabalho na Prefeitura de Belford Roxo, comandada por Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho (União Brasil), esposo da ministra. Mas o miliciano perdeu a liberdade parcial em 2020 quando reportagens da TV Globo e do jornal Extra o mostraram na campanha política de Carneiro.
A campanha de Carneiro em 2022 foi marcada pelo apoio irregular de oficiais da Polícia Militar, que em tese não podem ter vínculo político partidário. À Justiça Eleitoral, ela declarou R$ 180 mil em dinheiro vivo .
Em nota sobre o caso, a assessoria da ministra não negou a relação política entre Carneiro e o miliciano. “Ela ressalta que o apoio político não significa que ela compactue com qualquer apoiador que porventura tenha cometido algum ato ilícito. Daniela Carneiro salienta que compete à Justiça julgar quem comete possíveis crimes”, diz a nota. O texto afirma que Carneiro não tem nenhuma ingerência sobre as nomeações na Prefeitura de Belford Roxo.
No segundo turno da campanha presidencial de 2022, Carneiro e Waguinho estiveram entre as poucas lideranças políticas da Baixada Fluminense que apoiaram Lula contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (que buscou o apoio do casal , após ter recebido o apoio de Waguinho em 2018). Lula, que nomeou Carneiro e outros dois ministros indicados pelo União Brasil, não tinha se pronunciado sobre o caso até a noite desta terça (3).
Ministro da Justiça, Flávio Dino foi perguntado sobre o caso durante entrevista ao portal UOL nesta terça (3). Disse que estava sendo informado naquele momento a respeito do assunto, pediu calma nas avaliações e afirmou acreditar que a ministra irá se explicar.
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