Fiesp, vice e Nobel fazem pressão contra juros altos no Brasil
Da Redação
20 de março de 2023(atualizado 28/12/2023 às 17h19)Trio engrossou o coro de Lula às vésperas da reunião do Copom. Mercado financeiro espera que Selic seja mantida em patamar elevado
O empresário Josué Gomes da Silva
Diferentes nomes da esfera econômica fizeram coro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se manifestaram nesta segunda-feira (20) contra o patamar da taxa básica de juros no Brasil, a Selic, que está em 13,75% ao ano, ou em 8% em termos reais (descontada a inflação). O assunto tem sido objeto de embates entre o petista e a autoridade monetária.
As falas ocorreram durante evento organizado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e partiram de Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e de Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), assim como dos economistas Joseph Stiglitz, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2001, e André Lara Resende, um dos responsáveis pelo Plano Real, que estabilizou a economia brasileira nos anos 1990.
Em contrapartida, avaliações como o Boletim Focus publicado nesta segunda (20), apontam que a maior parte do mercado financeiro prevê que o Copom irá manter a Selic em patamar elevado. Na reunião de fevereiro, o comitê alegou que os juros altos são necessários para a atração de capital, já que o alto endividamento do país, somado à possibilidade de aumento dos gastos públicos, faz aumentar os riscos dos empréstimos ao governo federal.
Alckmin afirmou que a Selic não acompanha as taxas de juros de outros países. “Não há nada que justifique 8% de juro real acima da inflação quando não há demanda explodindo e de outro lado quando o mundo inteiro está praticamente com juro negativo ”, afirmou o vice.
Nesse sentido, Stiglitz, que é professor da Universidade Columbia (EUA), afirmou que o aumento dos preços verificado na economia mundial está mais associado ao impacto da pandemia de covid-19 e da Guerra na Ucrânia sobre a oferta mundial de bens , do que a uma demanda aquecida. Dessa forma, o aumento dos juros, algo que tende a retrair a demanda, não seria a forma adequada de encarar o problema inflacionário.
Para Gomes da Silva, as taxas de juros no Brasil são “pornográficas”. Segundo ele, um país com dívida bruta equivalente a 73% do PIB (Produto Interno Bruto) e com reservas internacionais de US$ 370 bilhões (R$ 1,9 trilhão) não pode ser considerado um país com problema fiscal.
“A combinação de juros muito altos e impostos muito altos é profundamente recessiva e impede o crescimento da economia”, afirmou Lara Resende. Stiglitz foi na mesma linha: “o problema é que a gente precisa responder a esses choques [pandemia e guerra] com mais investimentos. A taxa de juros impede esses investimentos”.Desde maio de 2022, a Selic tem aparecido em avaliações internacionais como a maior taxa básica de juros do mundo em termos reais, quando a inflação é descontada.
ESTAVA ERRADO: A primeira versão deste texto afirmava em seu subtítulo que a taxa real de juros atual no Brasil é recorde. O país, porém, já teve taxas mais altas em outros momentos. A informação foi corrigida às 21h31 do dia 20 de março de 2023.
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