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FOTO: REGIS DUVIGNAU/REUTERS &#8211; 3.DEZ.2019<div id="attachment_12842" style="width: 610px" class="wp-caption aligncenter"><img decoding="async" aria-describedby="caption-attachment-12842" width="976" height="696" src="https://nexo-uploads-beta.s3.amazonaws.com/wp-content/uploads/2023/11/27130719/Captura-de-Tela-2023-01-05-as-14.07.30_binary_315113.png" class="attachment-full size-full" alt="Logos de aplicativos de big techs são exibidos na tela de um celular" loading="lazy" />Logos de aplicativos de big techs são exibidos na tela de um celular</div>
A Amazon anunciou a <a href="https://www.wsj.com/articles/amazon-to-lay-off-over-17-000-workers-more-than-first-planned-11672874304">demissão de 18 mil</a> de seus funcionários corporativos globais na quarta-feira (4). É mais um capítulo da onda de grandes demissões no mercado de tecnologia, iniciada ao longo de 2022. 
Em 2022, quatro das seis maiores empresas do setor – Meta, Amazon, Microsoft e Netflix– promoveram desligamentos massivos de seus profissionais. Empresas de médio e pequeno porte ao redor do mundo, <a href="https://www.nexojornal.com.br/expresso/2022/06/10/Por-que-as-startups-est%C3%A3o-demitindo-no-Brasil">incluindo o Brasil</a> , fizeram o mesmo. Regulações, as conjunturas macroeconômicas internacionais e maior cautela por parte de investidores estão por trás das decisões. 
Neste texto, o Nexo relembra os principais casos, a motivação por trás deles e o que as demissões significam para a indústria. 
<h3 class="boxTitle bt1">As principais demissões</h3>
Amazon
As 18 mil pessoas demitidas na quarta-feira (4) representam 5% do quadro de funcionários corporativos da Amazon. Em novembro de 2022, a empresa demitiu <a href="https://www.nexojornal.com.br/extra/2022/11/16/Amazon-demite-funcion%C3%A1rios-em-meio-a-crise-das-Big-Techs">cerca de 10 mil funcionários</a> . Nos dois casos, a justificativa oficial foi de que “incertezas macroeconômicas” motivaram a decisão. “Vamos priorizar o que é mais importante para os clientes e a saúde a longo prazo dos nossos negócios”, disse, em nota, Andy Jassy, CEO da empresa.
Facebook/Meta
Em novembro, a Meta, dona do Facebook, <a href="https://www.nexojornal.com.br/extra/2022/11/09/Meta-anuncia-demiss%C3%A3o-de-11-mil-funcion%C3%A1rios">anunciou a demissão</a> de 11 mil funcionários. O anúncio foi feito por meio de uma mensagem divulgada por Mark Zuckerberg, criador do Facebook e CEO da Meta. Uma das razões para a crise da empresa é a concorrência com outras redes sociais em ascensão, como a chinesa TikTok, que atrai um público mais jovem que Facebook e Instagram. Outra razão apontada por especialistas em empresas digitais é a aposta da Meta <a href="https://www.nexojornal.com.br/expresso/2021/10/28/O-que-%C3%A9-metaverso.-E-quais-os-planos-de-Mark-Zuckerberg">no metaverso</a> , uma realidade virtual ainda muito avançada para a tecnologia existente, que acabou não se concretizando no curto espaço de tempo que a rede social esperava.
Microsoft
Em novembro de 2022, a Microsoft demitiu cerca de 1.000 funcionários corporativos como parte de uma “reestruturação de negócios”. A justificativa dada foi de que houve uma “desaceleração econômica” em diversas regiões do mundo, impulsionando a necessidade de cortes.
Netflix
A Netflix demitiu cerca de 500 de seus funcionários globais ao longo de 2022. Pela primeira vez em sua história, a plataforma de streaming <a href="https://www.nexojornal.com.br/extra/2022/07/19/Em-novo-tombo-Netflix-perde-quase-1-milh%C3%A3o-de-assinantes#:~:text=Em%20novo%20tombo%2C%20Netflix%20perde,milh%C3%A3o%20de%20assinantes%20%7C%20Nexo%20Jornal">perdeu grandes quantidades de assinantes</a> . Foram 970 mil cancelamentos de assinaturas no segundo trimestre do ano, motivados pela inflação ao redor do mundo e as incertezas macroeconômicas. Com isso, além das demissões, a empresa criou um plano de assinatura mais barato com a presença de anúncios.
<h2>Os números das demissões</h2>
O site <a href="https://layoffs.fyi/?utm_source=newsletter&amp;utm_medium=email&amp;utm_campaign=newsletter">Layoffs</a> foi criado pelo programador americano Roger Lee para acompanhar as demissões das empresas de tecnologia, usando dados do noticiário, de informes de rendimentos e de depoimentos de ex-funcionários. A página se tornou uma espécie de infográfico não oficial em tempo real para acompanhar a crise.
1.018
é o número de empresas de tecnologia ao redor do mundo que promoveram demissões em massa ao longo de 2022
153.397
é o número de profissionais demitidos de empresas de tecnologia ao redor do mundo em 2022
O cenário trouxe impacto para o valor de mercado dessas empresas. Nos números consolidados de 2022, as ações da Facebook/Meta caíram 68%, as do Google, 39%, as da Microsoft, 28% e as da Amazon em 50%.
<h2>As demissões sob análise</h2>
As demissões são motivadas por incertezas no cenário macroeconômico global – que ainda se recupera da pandemia da covid-19 e <a href="https://www.nexojornal.com.br/extra/2022/12/15/Bancos-centrais-fecham-ano-com-altas-de-juros-no-exterior">vive a guerra da Ucrânia</a> – misturado com maior cautela por parte de investidores de risco e acionistas que capitalizam essas empresas. 
O jornalista Guilherme Felitti, apresentador do podcast Tecnocracia do site Manual do Usuário, acredita que esse conservadorismo dos investidores tem um <a href="https://manualdousuario.net/podcast/tecnocracia-71/#more-32674">papel principal nas decisões</a> , e surge de uma frustração com as expectativas que foram criadas na década anterior.
“O ano de 2022 foi péssimo para aquela imagem sustentada há quase duas décadas de que o céu é o limite para a tecnologia. De que não existe teto para o crescimento. De que era questão de tempo até elas crescerem a ponto de englobar todos os setores. Embalada pela histeria provocada pela pandemia [quando o consumo de produtos e serviços tecnológicos aumentou], a big tech bateu o cocuruto no teto”, disse Felitti em episódio publicado no dia 22 de dezembro. 
Para Amanda Silberling, colunista de tecnologia do site TechCrunch, a <a href="https://techcrunch.com/2022/05/06/startup-tech-layoffs-in-may/">percepção é a mesma</a> . “O que há em comum nessas demissões, de acordo com os fundadores, é que houve uma mudança no mercado e um remanejamento do negócio é necessário. Um remanejamento que no final das contas machuca as pessoas que construíram os produtos deles quando a demanda estava aquecida”, disse em junho de 2022.
“A mesma força de trabalho que ajudou as empresas a crescerem na pandemia é aquela que está indo para a tábua de corte quando as tendências mudaram.”
<h2>No Brasil</h2>
No Brasil, as principais demissões no setor de tecnologia foram em startups que cresceram ao longo da década de 2010. 
O país atualmente conta com pouco mais de 22 mil startups, segundo dados da Associação Brasileira de Startups.
A maior parte delas é focada em soluções B2B – ou seja, para outras empresas. Elas representam 47,4% do total. Na sequência, com 29,8% estão as que oferecem soluções tanto B2B quanto B2C – focada no consumidor final. O principal setor de atuação é o desenvolvimento de soluções para educação, seguido das fintechs, empresas de tecnologia para o mercado financeiro.
Em 2022, várias delas – inclusive algumas que se tornaram “unicórnios” (avaliadas em mais de US$ 1 bilhão) – <a href="https://www.nexojornal.com.br/expresso/2022/06/10/Por-que-as-startups-est%C3%A3o-demitindo-no-Brasil">promoveram demissões</a> . Os motivos são os mesmos registrados em outros países, apenas em uma escala e velocidade menores. 
Na pandemia, com o isolamento social, a demanda aumentou, já que muitos dos empreendimentos ofereciam soluções digitais para problemas cotidianos. Em 2022, com o recuo da pandemia, somado à guerra na Ucrânia e à instabilidade sociopolítica e econômica no pais, <a href="https://link.estadao.com.br/noticias/inovacao,demissoes-em-startups-acendem-sinal-amarelo-no-mercado,70004049243">há menos dinheiro</a> e menos gente disposta a investir em negócios nos quais o retorno é incerto. 
“Muitos dos aportes nos últimos anos apostaram em uma possibilidade de o negócio ser grande no futuro. Agora, os investidores preocupam-se mais com a estratégia da empresa”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo Pedro Waengertner, da empresa de consultoria ACE Startups, em abril de 2022.
“Hoje, entendemos que vale mais crescer de forma sustentável do que o crescimento explosivo desordenado. Fazemos pressão para ser mais eficiente, e não para crescer mais rápido”, disse, na mesma reportagem, Fred Guesser, do fundo de investimentos Caravela Capital.
Na visão de Thomaz Martins, coordenador do centro de empreendedorismo do Insper, as demissões são um <a href="https://forbes.com.br/forbes-money/2022/05/por-que-startups-brasileiras-tem-demitido-tanto-entenda/">movimento de cautela</a> diante de incertezas.
“Elas enxugam a operação para operar no ‘breakeven’ [ponto de equilíbrio] e não depender de investimentos para fechar o caixa”, disse à revista Forbes em maio daquele ano.
<h2>As perspectivas para 2023</h2>
Das seis maiores empresas do setor, apenas Google e Apple não fizeram grandes demissões ao longo de 2022.
No entanto, a Apple congelou os <a href="https://www.essence.com/news/money-career/apple-layoffs-recession-inflated-costs/#:~:text=Home%20%C2%B7%20Money%20%26%20Career-,Apple%20Implements%20Hiring%20Freeze%2C%20Added%20To%20List%20Of%20Tech%20Companies,could%20extend%20through%20late%202023.">processos de contratação</a> de novos profissionais até meados do primeiro semestre de 2023 e, de acordo com informações de bastidor da revista Forbes, o Google deve fazer a demissão de <a href="https://www.forbes.com/sites/qai/2022/11/23/google-layoffs-big-tech-continues-downsizing/?sh=857147a400fd">cerca de 10 mil pessoas</a> no primeiro trimestre do ano.
Na visão de Steven Levy, editor-chefe da revista Wired, a onda de demissões <a href="https://www.wired.com/story/plaintext-big-techs-layoffs-will-fuel-the-industrys-future/">deve ser revertida</a> em um futuro próximo. “Quando o ciclo dos negócios mudar e Wall Street deixar a cautela de lado, as empresas que demitiram vão correr para recuperar o talento. Vão pagar milhões de dólares para repor suas equipes e tentar atrair novas pessoas”, disse em coluna do dia 11 de novembro de 2022.
Para Levy, é irônico que investidores do mercado financeiro tenham qualquer tipo de cautela na indústria tecnológica, especialmente com empresas bem estabelecidas.
“A economia de fato flutua, com crescimento e recessão, mas a tecnologia em si só anda em uma direção. As conexões ficam mais rápidas, os chips ficam melhores e foguetes passam a ser cada vez mais reutilizáveis.”
Lindsay Rupp, colunista de tecnologia da agência Bloomberg, <a href="https://www.bloomberg.com/news/articles/2022-12-07/tech-layoffs-2022-tracker-these-companies-are-making-big-job-cuts">é menos otimista</a> . “As demissões que começaram em 2022 vão ficar mais intensas”, disse em 7 de dezembro. “As perspectivas são piores, já que há demissões previstas para o início de 2023. Elas vão continuar enfrentando as volatilidades do mercado ou então uma queda na demanda dos consumidores.”
</div>

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