FOTO: Margaret Wood/Michigan State University Museum/ The Quilt Index

Uma das colchas apresentadas no site

O site The Quilt Index (O índex de colchas, em tradução do inglês) apresenta imagens de colchas feitas por pessoas ao redor do mundo, com registros que vão do século 19 até produções de 2024. 

Lançado em 2003, ele reúne informações sobre as colchas e sobre quem as produziu. As imagens e os dados são retirados de coleções públicas e privadas ao redor do mundo.

93 mil

é o número aproximado de colchas que aparecem no site

A maior parte do acervo do site traz imagens de colchas feitas nos Estados Unidos. Fazem parte de algumas das produções do país as colchas do grupo Gee’s Bend, comunidade no Alabama de descendentes de escravizados, e os retalhos produzidos para a “Colcha de Retalhos da aids”, criada em 1987 em memória às pessoas que morreram por causa da aids.

O The Quilt Index

O site foi desenvolvido pelo “Matrix: The Center for Digital Humanities & Social Sciences” (“Matrix: O centro para humanidades digitais e ciências sociais”, em tradução do inglês), grupo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, que possui parcerias com museus e bibliotecas para digitalizar, preservar e promover o acesso a materiais históricos e culturais.

No Quilt Index, após clicar em uma das colchas, é possível descobrir mais detalhes tanto sobre quem produziu o retalho quanto sobre as técnicas e onde ele está localizado. 

Um dos exemplos é a “Bob’s T-shirt Quilt” (Colcha de camisetas do Bob). Na descrição da imagem, é possível descobrir que a costureira Beth Donaldson costurou o retalho utilizando estampas da camiseta de uma pessoa chamada Bob Aumaugher. 

O texto também dá detalhes sobre como Donaldson começou a produzir colchas, entre os 11 e 19 anos, e por qual motivo ela o faz: por prazer, para dar as produções de presente e como forma de terapia.

Nas seções do site, é possível descobrir mais sobre os artistas apresentados no The Quilt Index, histórias envolvendo a produção de colchas e coleções.

Uma das coleções é a BDQHP (Projeto da história das colchas da diáspora negra, em tradução da sigla no inglês), sobre a história de colchas afro-americanas, africanas e da diáspora africana.

A produção de colchas

Nos Estados Unidos, a costura com retalhos ficou conhecida a partir do século 17. Durante esse período, era comum que as artesãs costurassem em grupos, sendo chamadas de “quilting bees”, expressão que pode ser traduzida como “abelhas que costuram colchas”. A partir de 1860, com o algodão (o principal material utilizado na confecção de colchas) mais barato, surgiram mais pessoas que costuravam e criavam novos padrões para os retalhos. 

Um dos grupos cujos trabalhos aparecem no The Quilt Index é o Gee’s Bend, comunidade no Alabama, nos Estados Unidos, cujos moradores são descendentes de pessoas escravizadas que trabalhavam na plantação de algodão do escravocrata Joseph Gee em 1816.

A comunidade cresceu com o passar dos anos e muitos dos moradores continuaram no Alabama. As técnicas de produção de colchas foram passadas entre gerações e, em 1966, mais de 60 costureiras de Gee’s Bend fundaram a FQB (Freedom Quilting Bee, ou “Abelha costureira da liberdade”), organização que firmou contratos com marcas para vender as colchas produzidas pelas costureiras.

O site também disponibiliza as obras produzidas para a “Colcha de Retalhos da aids”, realizada em San Francisco, nos Estados Unidos, em 1987.

FOTO: Reprodução/Reuters

Colchas produzidas para o projeto “Colcha de Retalhos da aids”

Idealizada pelo ativista Cleve Jones, o objetivo era criar um memorial para as pessoas que morreram em decorrência da aids e evidenciar o impacto da doença.  

As histórias do site

Além de produções históricas, o The Quilt Index também apresenta relatos recentes de pessoas que produzem colchas.

Em um relato sobre a pandemia de covid-19, a costureira Beth Donaldson conta sobre como começou a utilizar seu material de fabricação de colchas para produzir máscaras.

Outra história selecionada pelo The Quilt Index é a do projeto “Colchas para a libertação da Hungria”, idealizado por Christalena Hughmanick para “unir pessoas em torno do tema da liberdade de expressão e democracia através de uma série de eventos públicos e da criação de obras de arte coletivas”. A Hungria tem como primeiro-ministro Viktor Orbán, político ultranacionalista e ultraconservador.