Justiça cancela show de Gusttavo Lima de R$ 704 mil na Bahia
Da Redação
03 de junho de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h32)Prefeitura de Teolândia contratou cantor enquanto enfrentava danos causados pelas chuvas que atingiram o estado no início de 2022. Na época, município disse não ter verba para amparar população
O cantor sertanejo Gusttavo Lima durante uma apresentação
Após pedido do Ministério Público da Bahia, a Justiça proibiu nesta sexta-feira (3) a prefeitura de Teolândia de realizar a Festa da Banana, que aconteceria entre sábado (4) e domingo (5). Na programação do evento, estavam previstos um show do cantor Gusttavo Lima e outras atrações, que custariam mais de R$ 2 milhões aos cofres do município.
O cancelamento ocorre um dia após reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelar que a prefeitura contratou Gusttavo Lima por R$ 704 mil na mesma época em que a população ainda enfrentava as consequências dos desastres provocados por chuvas na região, no início de 2022. Em um vídeo que circulou nas redes sociais, a prefeita da cidade, Rosa Baitinga (Progressistas), revela que seu sonho é conhecer o cantor, de quem ela diz“gostar demais”.
Na ação, o Ministério Público argumentou que a prefeitura deixou de socorrer a população durante as chuvas para promover o evento. A prefeiturade Teolândia direcionou o orçamento municipal para a Festa da Banana após ter informado ao governo federal que não tinha recursos para custear as ações de amparo à população após as chuvas na Bahia. Para o MP, a decisão descumpriu o decreto de emergência da época e desrespeitou o orçamento público.
R$ 1,1 milhão
foi quanto o governo federal enviou à cidade de Teolândia no início do ano, após a prefeitura ter dito que não tinha recursos para combater as chuvas; custo do evento que ocorreria a partir de sábado (4) supera esse montante
Na decisão desta sexta (3), a juíza Luana Paladino afirmou que a programação“apresenta aparente desvio de finalidade em razão da desproporção dos valores vertidos”. A prefeitura de Teolândia não havia se manifestado até a publicação deste texto.
Este é o segundo show de Gusttavo Lima a ser cancelado após investigação do Ministério Público. O primeiro, cancelado no fim de maio em Conceição de Mato Dentro (MG), custaria R$ 1,2 milhão à cidade — o cachê previsto para o artista era de R$ 600 mil. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o dinheiro para arcar com o evento foi desviado de verba pública que poderia ter sido usada em áreas como saúde, educação e infraestrutura.
As investigações sobre shows do cantor ocorrem em ummomento de debates sobre o uso de verbas públicas para a contratação de artistas. Em maio, o cantor sertanejo Zé Neto, da dupla com Cristiano, criticou a Lei Rouanet e a cantora Anitta em um show na cidade de Sorriso (MT), dizendo que “nosso cachê quem paga é o povo”. O cachê da dupla, de R$ 400 mil, havia sido pago pela prefeitura de Sorriso, em contratação que não exige licitação. O modelo é diferente do da Rouanet, que tem uma série de exigências e diferentes fontes de recursos.
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