FOTO: PABLO SANHUEZA/REUTERS – 13.MAR.2022

O Chile convocou o embaixador do Brasil em Santiago para consultas nesta segunda-feira (29) em reação à declaração do candidato à reeleição Jair Bolsonaro contra o chefe de Estado chileno, Gabriel Boric. Segundo os códigos da diplomacia,a convocação de um embaixador para esclarecimentos é uma forma de sinalizar descontentamento.

Bolsonaro fez críticas no domingo (28) a governos de esquerda latino-americanos, entre eles o do Chile, relacionando-os a Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT.Em suas considerações finais no debate promovido pela TV Band entre os candidatos à Presidência, o presidente acusou Boric de ter “tocado fogo em metrôs” do Chile quando participou das históricas manifestações do país de 2019, que culminaram na convocação de uma nova Assembleia Constituinte.

Apesar de ser de conhecimento público a atuação de Boric como um dos principais mediadores entre os manifestantes e o Legislativo chileno na época das manifestações, não procede a acusação de Bolsonaro contra o ex-líder estudantil chileno,que era então deputado. Boric não participou de atos de destruição de patrimônios públicos em 2019.

Segundo o jornal chileno La Tercera , a ministra das Relações Exteriores do país, Antonia Urrejola, afirmou que a acusação é falsa e considerou as declarações do presidente do Brasil “gravíssimas”. Em comunicado de imprensa emitido pela chancelaria chilena, ela disse que o uso de “mentiras, desinformação e deturpações” afeta não apenas o vínculo entre Brasil e Chile, mas “a democracia, prejudicando a confiança e afetando a irmandade entre os povos”.

“Convocamos o embaixador brasileiro para esta tarde na chancelaria em nome do secretário-geral de política externa, onde lhe enviaremos uma nota de protesto”, disse o órgão. Segundo o portal Poder360, o Itamaraty afirmou que o embaixador do Brasil em Santiago, Paulo Roberto Soares Pacheco, iria à reunião , mas não deu mais detalhes.

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