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O Colégio São José, de Caxias do Sul, cancelou a realização de uma palestra do teólogo Frei Betto sobre fome que aconteceria num auditório da escola privada na terça-feira (13), após um abaixo-assinado organizado por pais de alunos receber apoio de mais de 2.700 pessoas.

O evento é promovido pelo Sindicato dos Bancários de Caxias do Sul e Região e entidades sociais. A escola havia apenas cedido o espaço. Mas pais de alunos se mobilizaram contra a presença do escritor e militante do PT nas dependências da instituição.

“Frei Betto é adepto da Teologia da Libertação e é militante de programas pastorais e sociais. Também escritor de diversos livros e artigos que podem ser consultados na sua biografia via internet que se apresentam totalmente contra aos valores que acreditamos ser importantes e essenciais na educação de nossas crianças”

Pais de alunos do Colégio São José

em abaixo-assinado contra palestra de Frei Betto

O abaixo-assinado foi registrado num site de petições no sábado (10) e até o fim da tarde de segunda-feira (12) tinha 2.796 assinaturas. A coordenadora de comunicação do Colégio São José, Miriam Spuldaro, disse ao Nexo que os pais de alunos se manifestaram contra o posicionamento político de Frei Betto e que a escola “não tinha motivo para ir contra” eles.

Segundo os organizadores, a palestra é sobre a fome no Brasil e “outras fomes que o país precisa nutrir, como as fomes de democracia, cidadania, cultura, igualdade, respeito, paz”. O evento agora vai acontecer na Universidade de Caxias do Sul. O religioso disse à coluna Monica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, que não é a primeira vez que enfrenta esse tipo de resistência.

“A direita entrou em campo, fez esse manifesto e deram para trás [..] Já me agrediram em fila de autógrafo. Já estou acostumado. É um sinal positivo. Sempre digo que há pessoas que, se me elogiassem, eu me sentiria muito mal”

Frei Betto

teólogo e escritor, ao jornal Folha de S.Paulo

Frei Betto atuou no primeiro mandato do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e é expoente da Teologia da Libertação, corrente da igreja católica que defende um olhar mais crítico da pobreza, questionando as estruturas que perpetuam o problema. Entenda o movimento num Expresso do Nexo de 2020.