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Supremo é unânime ao vetar tese de ‘legítima defesa da honra’

Da Redação

01 de agosto de 2023(atualizado 28/12/2023 às 22h04)

Cármen Lúcia e Rosa Weber concluem julgamento que proíbe artifício de culpar mulheres pelo próprio assassinato. Argumento era usado havia décadas nos tribunais e ficou famoso no caso Doca Street

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FOTO: FELLIPE SAMPAIO/SCO/STF

A presidente do STF, Rosa Weber, em sessão solene de abertura do Ano Judiciário em 2023 . Ela é uma mulher loira, com cabelos na altura do queixo e usa roupa e óculos de grau pretos. Ela está em pé, em frente a dois microfones e com um brasão dourado ao fundo.

A presidente do STF, Rosa Weber, em sessão solene de abertura do Ano Judiciário em 2023

Ao voltar do recesso de meio de ano, o Supremo confirmou nesta terça-feira (1º), num julgamento unânime, a proibição do uso da tese de“‘legítima defesa da honra” por parte de delegados, advogados, promotores ou juízes.

O artifício era usado para atribuir às mulheres a culpa pelos próprios assassinatos. Por exemplo: um homem recebia penas menores (ou era absolvido) por matar a esposa alegando que ela havia cometido adultério.

“A teoria da legítima defesa da honra traduz expressão de valores de uma sociedade patriarcal, arcaica, autoritária — é preciso enfatizar —, cuja cultura do preconceito e da intolerância contra as mulheres sucumbiu à superioridade ética e moral dos princípios humanitários da igualdade, da liberdade e da dignidade da pessoa humana”

Rosa Weber

presidente do Supremo Tribunal Federal, ao condenar a tese de‘legítima defesa da honra’

A proibição veio primeiro por uma liminar dada por Dias Toffoli no início de 2021. Ainda naquele ano, o Supremo formou maioria para referendar o veto. Agora, com o posicionamento do restante dos ministros, a tese está enterrada, como relatou o jornal O Globo.

Há décadas, a “legítima defesa da honra”, uma adaptação machista do princípio da legítima defesa, vinha favorecendo a impunidade de homens agressores, sob a conivência de agentes do sistema judicial brasileiro, como explicou o podcast “Durma com essa” ainda em 2021.

Foi o que aconteceu, por exemplo, no início dos anos 1980, com o caso Doca Street , emblemático da violência de gênero. Raul Fernando Doca Street, que assassinou a namorada Ângela Diniz, foi condenado inicialmente a apenas um ano e cinco meses de prisão, mas foi liberado de cumprir a pena. A história foi contada em detalhes na minissérie em podcast“Praia dos ossos”, da Rádio Novelo.

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