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O debate sobre política econômica no Brasil é, frequentemente, dominado pelo preconceito e pela retórica de ocasião. Diagnósticos e propostas de política econômica são denunciados por supostamente refletirem interesses indevidos, independentemente da evidência apresentada, como os clérigos na peça de Brecht, que rejeitam o telescópio de Galileu e o debate sobre a robustez dos argumentos, preferindo condená-lo como herege.
A grave crise tornou inevitável a revisão da política econômica dos últimos anos. Alguns defendem que o rumo estava correto, tendo havido apenas incompetência na gestão. Outros, que os instrumentos propostos eram inadequados e inevitavelmente levariam ao fracasso.
Trata-se de um debate, em grande medida, sobre quais deveriam ser os instrumentos mais adequados de política econômica para garantir o desenvolvimento econômico, preservando e, se possível, ampliando as conquistas sociais da última década.
Alguns economistas propõem retomar a expansão do gasto público e do crédito para estimular a produção e a geração de emprego. O maior crescimento resultaria no aumento da receita tributária, que mais que compensaria a expansão do gasto, permitindo um ajuste fiscal virtuoso, por meio do crescimento, e não da recessão.
Outros apontam que a crise fiscal, que ameaça a dinâmica da dívida pública, eliminou a capacidade de utilização da política fiscal como instrumento anticíclico. A trajetória de expansão dos gastos públicos acima da renda, em uma economia com inflação elevada, resultaria em maior desequilíbrio macroeconômico, agravando a crise, ao invés de permitir a sua recuperação.
(colunista até agosto de 2016)é presidente do Insper, Ph.D. em economia pela Universidade da Pensilvânia. Atuou como professor assistente no Departamento de Economia da Universidade de Stanford e da EPGE/FGV. Foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e presidente do Instituto de Resseguros do Brasil. Diretor executivo do Itaú-Unibanco, entre 2006 e 2009, e vice-presidente até 2013.
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