Coluna
(colunista até agosto de 2016)
Afinal, vamos enfrentar o ajuste, preservando os grupos sociais mais vulneráveis? Ou não?
Temas
Compartilhe
As últimas semanas foram caracterizadas por um conturbado processo político, insegurança sobre os seus desdobramentos nos próximos três meses e ambiguidade sobre o ajuste a ser realizado.
O Brasil enfrenta uma grave crise fiscal, caracterizada pela trajetória de expansão dos gastos acima do crescimento da renda nacional nas últimas duas décadas. Essa forte expansão dos gastos, quase 6% ao ano nos últimos 25 aos, decorre de quatro principais fatores.
Em primeiro lugar, gastos com diversos programas públicos são indexados à expansão da renda, à receita corrente líquida ou ao salário mínimo, que por sua vez é indexado ao crescimento do PIB.
Em segundo, a folha de pagamentos com o funcionalismo público apresentou forte expansão na última década, seja pela elevada contratação de novos servidores, seja pela concessão de aumentos salariais acima da inflação.
Em terceiro, a partir de 2009, houve forte expansão da concessão de benefícios ao setor produtivo, por meio de desonerações tributárias, subvenções e crédito subsidiado. Apenas em 2015, o custo com esses benefícios concedidos somou R$ 390 bilhões (R$107 bilhões em benefícios creditícios e financeiros e R$ 282 bilhões em desonerações / gastos tributários), valor que inclui o pagamento de pedaladas de anos anteriores. Isso equivale a mais do que a arrecadação anual de 6 CPMFs, com a alíquota máxima já cobrada, ou a mais do que 14 vezes o gasto anual com o bolsa família.
(colunista até agosto de 2016)é presidente do Insper, Ph.D. em economia pela Universidade da Pensilvânia. Atuou como professor assistente no Departamento de Economia da Universidade de Stanford e da EPGE/FGV. Foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e presidente do Instituto de Resseguros do Brasil. Diretor executivo do Itaú-Unibanco, entre 2006 e 2009, e vice-presidente até 2013.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.
Navegue por temas