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(colunista até agosto de 2016)

Afinal, vamos enfrentar o ajuste, preservando os grupos sociais mais vulneráveis? Ou não?

15 de junho de 2016

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Não é justo que a maioria invisível seja obrigada a um sacrifício ainda maior para benefício da minoria da elite mais bem remunerada

As últimas semanas foram caracterizadas por um conturbado processo político, insegurança sobre os seus desdobramentos nos próximos três meses e ambiguidade sobre o ajuste a ser realizado.

O Brasil enfrenta uma grave crise fiscal, caracterizada pela trajetória de expansão dos gastos acima do crescimento da renda nacional nas últimas duas décadas. Essa forte expansão dos gastos, quase 6% ao ano nos últimos 25 aos, decorre de quatro principais fatores.

Em primeiro lugar, gastos com diversos programas públicos são indexados à expansão da renda, à receita corrente líquida ou ao salário mínimo, que por sua vez é indexado ao crescimento do PIB.

Em segundo, a folha de pagamentos com o funcionalismo público apresentou forte expansão na última década, seja pela elevada contratação de novos servidores, seja pela concessão de aumentos salariais acima da inflação.

Em terceiro, a partir de 2009, houve forte expansão da concessão de benefícios ao setor produtivo, por meio de desonerações tributárias, subvenções e crédito subsidiado. Apenas em 2015, o custo com esses benefícios concedidos somou R$ 390 bilhões (R$107 bilhões em benefícios creditícios e financeiros e R$ 282 bilhões em desonerações / gastos tributários), valor que inclui o pagamento de pedaladas de anos anteriores. Isso equivale a mais do que a arrecadação anual de 6 CPMFs, com a alíquota máxima já cobrada, ou a mais do que 14 vezes o gasto anual com o bolsa família.

(colunista até agosto de 2016)é presidente do Insper, Ph.D. em economia pela Universidade da Pensilvânia. Atuou como professor assistente no Departamento de Economia da Universidade de Stanford e da EPGE/FGV. Foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e presidente do Instituto de Resseguros do Brasil. Diretor executivo do Itaú-Unibanco, entre 2006 e 2009, e vice-presidente até 2013.

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