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Foi na sexta passada.
Fim de tarde, eu vinha descendo de bicicleta pela ladeira curva e rápida que margeia o Estádio do Pacaembu, em uma das regiões mais nobres de São Paulo. Tem uma ciclovia lá, o chão vermelho separado da pista dos carros pelos olhos de gato, a sensação boa de segurança. Aí avistei à minha frente uma batida policial. Os PMs haviam estacionado as viaturas com as rodas de trás sobre a calçada e as da frente atravessadas na ciclovia, deixando só um espacinho estreito de uns 30 centímetros à frente do para-choque dianteiro.
Justamente nesse espaço, havia um policial de pé, fechando com seu corpo qualquer brecha que um ciclista pudesse aproveitar sem ter que sair da ciclovia.
Reduzi a velocidade para não parecer que estivesse provocando alguém. Num gesto instintivo, baixei o olhar, submisso. Quando passei pelo PM, cumprimentei-o e sugeri, respeitosamente:
— Vocês podem por favor deixar só um espacinho para dar para passar sem sair da faixa?
Denis R. Burgiermané jornalista e escreveu livros como “O Fim da Guerra”, sobre políticas de drogas, e “Piratas no Fim do Mundo”, sobre a caça às baleias na Antártica. É roteirista do “Greg News”, foi diretor de redação de revistas como “Superinteressante” e “Vida Simples”, e comandou a curadoria do TEDxAmazônia, em 2010.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.
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