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Randolfe Rodrigues

A história ensina: fascismo não se discute. Fascismo se combate

05 de junho de 2020

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A criação de frentes em defesa da democracia é um sinal do amadurecimento da sociedade civil brasileira

O amadurecimento democrático da sociedade brasileira pode ser percebido pela movimentação ocorrida nas últimas semanas que resultaram em diferentes frentes de defesa da democracia diante dos reiterados ataques de Bolsonaro e sua escalada autoritária. De uma ponta a outra do espectro político, pontes de diálogo foram construídas com o objetivo único de impedir a implosão do Brasil diante da ruptura institucional ensaiada pelo governo.

A despeito de diferenças ideológicas e projetos de desenvolvimento nacional, partidos políticos, movimentos sociais, associações de classe, instituições do mercado, cidadãos e cidadãs lançaram nos últimos dias iniciativas cujo objetivo é a aglutinação das forças democráticas para a criação de uma frente ampla voltada à manutenção da normalidade institucional e do ambiente democrático no Brasil, impedindo a escalada neofascista verificada no país.

A beligerância de Bolsonaro e apoiadores tem se traduzido na intensificação dos ataques às vozes contrárias ao governo — especialmente a imprensa — e na materialização da violência contra opositores. As cenas de agressões flagradas na Praça dos Três Poderes contra enfermeiros e jornalistas, por exemplo, ilustram as inspirações fascistas com que se procura espalhar o terror na sociedade e ameaçar a resistência democrática. Mas afinal, o que é o fascismo?

De difícil conceituação pelos estudiosos do tema, o fascismo pode ser abordado como um sistema autoritário de dominação caracterizado por uma ideologia de culto ao chefe, com um aparato de propaganda submetido ao controle de informações, pelo aniquilamento das oposições e uso da violência e terror na implementação do projeto de poder, entre outras características. Com a devida atualização histórica, nada muito longe do momento atual.

Originalmente surgido no período compreendido entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, o fascismo dominou o debate político primeiro na Itália. Mas foi na Alemanha nazista que se desenvolveu e se espalhou para outras nações e continentes. O Brasil não ficou de fora, sendo a experiência do Movimento Integralista seu ensaio por estes trópicos. Felizmente a aventura foi rechaçada no nascedouro, livrando-nos de novos horrores além daqueles que já carregamos.

Randolfe Rodrigues

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