Coluna

Randolfe Rodrigues

A tragédia humana no maior blecaute da história brasileira

20 de novembro de 2020

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Além de solucionar o problema no fornecimento de energia elétrica no Amapá, é preciso que o governo garanta o ressarcimento dos prejuízos acumulados pela população

O apagão que desde o dia 3 de novembro atinge o Amapá já está inscrito na história brasileira como o maior blecaute ocorrido no país e com consequências que muito ultrapassam o fornecimento de energia elétrica. A situação vivida pela população amapaense é uma tragédia humanitária que atinge diferentes dimensões da vida, reduzindo a dignidade das pessoas a pó.

A falta de eletricidade atinge 13 dos 16 municípios do estado, o que ajuda a compreender o tamanho do caos que se instalou. O cenário é desolador, com famílias inteiras privadas de necessidades básicas, como acesso à água e saneamento básico. Para completar, os moradores têm encarado uma temperatura média de mais de 30º C sem ar condicionado ou ventilador. E tudo isso na companhia de mosquitos.

O comércio foi afetado de diferentes maneiras e com graus diversos de prejuízo para os comerciantes. Além do fechamento de estabelecimentos, houve perda de produtos perecíveis, aumentando o custo de gêneros de primeira necessidade e gerando desabastecimento de outros. No auge do apagão, sacar dinheiro ou usar o cartão de crédito e débito para fazer compras também deixou de ser uma opção para os clientes.

A agonia do povo amapaense ainda teve o reforço proporcionado pela demora das autoridades governamentais e do setor elétrico em apresentarem um plano de emergência para não deixar mais de 90% da população do estado desassistida do serviço de fornecimento de energia elétrica. Quando divulgado, informações como o rodízio e racionamento de eletricidade, por exemplo, não condiziam com a realidade, aumentando a frustração popular com a situação.

Não demorou para que os protestos começassem a agitar o estado, com destaque para a capital Macapá. Barricadas foram levantadas em importantes vias da cidade para exprimir a indignação da população com o prolongado apagão e os diferentes prejuízos acumulados. Houve repressão e há relatos de pessoas atingidas por balas de borracha disparadas pela polícia, bem como de perseguição aos manifestantes após a realização dos atos.

Randolfe Rodrigues

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