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Na terça-feira (8), o mundo assistiu extasiado ao início da primeira campanha de vacinação contra o novo coronavírus, renovando a esperança da humanidade em uma solução para a pandemia que quase paralisou o ano de 2020. Após nove meses de contaminações espalhadas pelo globo terrestre, teve início no Reino Unido a administração do imunizante desenvolvido pela farmacêutica multinacional Pfizer em parceria com a empresa de biotecnologia BioNTech, cuja eficácia aferida nos testes se aproximou dos 95% .
A primeira etapa da campanha vai vacinar profissionais de saúde e pessoas acima dos 80 anos. A vacinação do restante da população está prevista para janeiro de 2021, mesmo período planejado por outros países para iniciarem as suas campanhas. Não apenas o imunizante produzido pela Pfizer/BioNTech será distribuído, mas também outras vacinas cujo desenvolvimento está bastante avançado. A ideia é assegurar proteção à toda população.
Enquanto diversos países se movimentam para organizar suas campanhas de vacinação, por aqui o que vemos é a completa falta de coordenação por parte do governo federal em apresentar um plano de imunização da população brasileira. Nem mesmo questões logísticas imprescindíveis para qualquer campanha — como aquisição de agulhas, seringas e recipientes para descarte — foram informadas. O país segue à deriva na pandemia ao passo que o presidente da República tenta fazer um jogo político genocida com relação à aquisição da vacina.
A inércia do governo federal frente à pandemia do novo coronavírus já resultou em quase 180 mil óbitos e a demora em apresentar um plano de vacinação é indício de que as mortes por covid-19 devem continuar. Diante de tamanho descaso, alguns governos estaduais começam a elaborar seus planos para vacinar a população, analisando a aquisição das diferentes vacinas em desenvolvimento e como garantir a imunização do maior número possível de pessoas.
Defendemos que quaisquer opções de vacina que apresentem segurança e eficácia aferidas sejam disponibilizadas à população.Somos contrários à politização do assunto
O Congresso Nacional também se movimenta para garantir que a população brasileira tenha acesso a vacinas contra o coronavírus com a votação de uma medida provisória estabelecendo um cronograma de imunização . Paralelamente, o Supremo Tribunal Federal julga na próxima semana duas ações que obrigam o governo federal a disponibilizar um planejamento para a vacinação da população brasileira. Uma das ações foi impetrada pelo partido Rede Sustentabilidade.
Nosso mandato ainda apresentou projeto de lei para que estados e municípios possam adquirir, diretamente, vacinas contra a covid-19 já testadas e aplicadas em outros países. Dessa forma, poderemos iniciar nossa campanha de vacinação a despeito da inércia e irresponsabilidade do governo federal com a pandemia. O compromisso deve ser sempre o de salvar vidas.
Paralelamente a essas iniciativas, a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica SinoVac está praticamente pronta para uso, faltando apenas a compilação dos resultados dos testes finais para registro do medicamento junto à Anvisa. Patrocinada pelo governo de São Paulo, a intenção é dar início à campanha de vacinação já no mês de janeiro, além da disponibilização de doses para outras unidades da federação interessadas.
Nós estamos acompanhando de perto o desenvolvimento, a aquisição e a distribuição dessa vacina. Defendemos que quaisquer opções que apresentem segurança e eficácia aferidas em testes laboratoriais sejam disponibilizadas à população. Somos contrários à politização do assunto e seu uso em disputas ideológicas. Afinal, estamos falando de um método preventivo que pode representar a volta da normalidade em nosso dia a dia e o fim das medidas de isolamento social.
Nesse sentido, temos mantido reuniões constantes com o governo de São Paulo para articular a aquisição e distribuição da vacina contra o coronavírus produzida pelo Instituto Butantan. Ela, ao lado de outras vacinas, é a nossa esperança para superarmos esta pandemia.
O Brasil é um país de dimensões continentais, abrigando diferentes biomas e com espalhamento irregular da população pelo território, com regiões de forte concentração demográfica e outras de difícil acesso, apresentando desafios logísticos consideráveis para a imunização do povo brasileiro. A falta de coordenação na apresentação de um plano nacional de imunização só faz confirmar a irresponsabilidade e a incompetência do governo federal ao lidar com a pandemia.
Randolfe Rodrigues
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.
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