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No mundo político, muitas coisas podem acontecer de repente: uma revolução, por exemplo. Na véspera, o rei ainda se segurava no poder. No dia seguinte, sai do jogo.
Tudo é mais impreciso no mundo dos comportamentos sociais. Mudanças acontecem, mas nem sempre dá para apontar um fato específico que lhes sirva de causa. A pílula anticoncepcional foi provavelmente um desses disparadores, na década de 1960.
Em matéria de depressão entre adolescentes, tudo indica que houve também um gatilho, claramente identificável. Em 2012, no máximo em 2013, deu-se um salto; veja, na introdução deste artigo em inglês The politics of depression: Diverging trends in internalizing symptoms among US adolescents by political beliefs – ScienceDirect um apanhado das pesquisas sobre o assunto.
A taxa de “negatividade” entre os jovens americanos, que estava parada em 1,8 mais ou menos (não me perguntem o que é isso) de 2005 a 2011, começou a subir feio, e sem oscilações, a partir de 2012.
Nada de covid naquela época. A jornalista Michelle Goldberg, do jornal New York Times , e o psicólogo social conservador Jonathan Haidt, neste artigo, Why the Mental Health of Liberal Girls Sank First and Fastest (thefp.com) , apontam a razão: foram as mídias sociais. Em 2012, o Facebook comprou o Instagram; foi também o ano em que as selfies explodiram.
Marcelo Coelhoé jornalista, com mestrado em sociologia pela USP (Universidade de São Paulo). Escreveu três livros de ficção (“Noturno”, “Jantando com Melvin” e “Patópolis”), dois de literatura infantil (“A professora de desenho e outras histórias” e “Minhas férias”) e um juvenil (“Cine Bijou”). É também autor de “Crítica cultural: teoria e prática” e “Folha explica Montaigne”, além de três coletâneas com artigos originalmente publicados no jornal Folha de S.Paulo (“Gosto se discute”, “Trivial variado” e “Tempo medido”).
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.
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