Nunca me dediquei a entender o conflito entre Israel e Palestina; é daqueles assuntos que, como tanta gente, acho praticamente impossíveis de resolver e que só produzem notícias terríveis e desanimadoras.

Eu mesmo estou surpreso, portanto, com o quanto me envolvi emocionalmente ao saber dos ataques do Hamas aos jovens que estavam numa rave e às famílias morando num ou noutro kibutz isolado em Israel.

É estranho, porque nem o 11 de setembro me deixou tão enfurecido. Talvez seja o aspecto físico, pessoal, direto dos ataques. No 11 de setembro, os aviões explodiram nas Torres Gêmeas; agora, foi preciso que um ser humano, portando faca ou metralhadora, entrasse na casa de outros seres humanos e matasse mães na frente de filhos, filhos na frente de mães.

Tudo é bárbaro, claro. Um míssil, lançado de 100 quilômetros de distância, mata um bebê; um terrorista, com um fuzil, mata outro bebê. Para o bebê, a morte é igual. Do ponto de vista de quem mata, posso estar errado, mas uma coisa me choca mais do que a outra.

Mas, repito, tudo é horrível – sem pensar na contabilidade de quem mata mais de um lado ou de outro.