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Há experiências que deixam uma marca profunda em nossas vidas, e acabo de viver uma delas ao conhecer a Atwood Primary Academy de Londres. A visita foi parte da missão organizada pela embaixada do Reino Unido que levou, no início de março, lideranças brasileiras da educação para conhecer os principais projetos britânicos para a área. O convívio de uma semana com especialistas locais e os debates animados que travamos permitiram uma rica troca de experiências para que, a partir daí, se desenhasse um programa de cooperação para a inclusão socioeconômica de alunos brasileiros e o desenvolvimento de suas habilidades socioemocionais e técnicas.
O que me cativou na Atwood?
Uma junção de coisas, não muito diferentes daquelas que já começamos a ousar desejar ou buscar para termos uma educação de qualidade no Brasil. Nada ali era original no sentido de inusitado, mas tudo funcionava criativamente. A começar pela boa formação dos professores e excelentes condições de trabalho – temas que foram, aliás, motivadores de muitas conversas e debates sobre a importância da formação e valorização do corpo docente-, e a criação de incentivos para uma carreira de magistério que atraia e prepare de fato os melhores profissionais.
Chamou especialmente minha atenção o acolhimento e a forma como as crianças eram tratadas. Ali reinava a diversidade, mas o clima era de respeito e dignidade. Nada de preconceitos, mas um lugar de “oportunidades iguais”, como ressaltava um cartaz colado em uma das paredes. A escola dava a todos, igualmente, o mesmo ponto de partida, mas incentivava o potencial individual na outra ponta.
Talvez aqui algumas pessoas se perguntem o porquê de eu estar fazendo referência ao sistema britânico e não aos conhecidos sistemas finlandeses e sul-coreanos, por exemplo. O fato de o Reino Unido estar preocupado não apenas com os problemas mais antigos da educação, como ainda é o caso do Brasil, mas também, ao mesmo tempo, ter um olhar para o futuro e para os desafios que a revolução tecnológica estão trazendo, me convenceu que tínhamos muito a aprender uns com os outros. Já não temos tempo para apenas resolver problemas como o da alfabetização e da evasão e abandono escolar. Enquanto fazemos isso, precisamos também nos preparar para um mundo do trabalho mais dinâmico e dominado por novas profissões, as quais ainda não conhecemos.
Tabata Amaral
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.
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