‘Cordel do rio Chico’ – pelas águas do São Francisco

Jorge Fernando dos Santos

15 de julho de 2016(atualizado 28/12/2023 às 02h24)

Em formato de cordel, obra infantojuvenil de Jorge Fernando dos Santos conta de forma sensível e ilustrada a trajetória do Velho Chico pelo rio São Francisco e seus problemas atuais

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Prefácio: Um rio com nome de santo

O São Francisco abrange cinco Estados brasileiros e é o maior rio cujas águas correm totalmente no território nacional. Com 2,8 mil quilômetros de extensão, ele nasce na Serra da Canastra, no município mineiro de São Roque de Minas, e escoa no sentido sul-norte pela Bahia e Pernambuco. Depois altera o curso para o sudeste, chegando à foz no oceano Atlântico, onde divide os Estados de Alagoas e Sergipe. Ao longo de seu percurso, o Velho Chico se divide em quatro trechos: o alto São Francisco, que vai das cabeceiras até Pirapora(MG); o médio, de Pirapora até Remanso (BA);o submédio, de Remanso até Paulo Afonso (BA); e o baixo, de Paulo Afonso até a foz. O clima no alto é úmido, com bom índice de chuvas. À medida que ele penetra na região semiárida, seu índice fluvial sofre drástica redução e o clima se torna seco. Na região da foz, ocorre maior quantidade de chuvas.

A bacia hidrográfica ocupa uma área de 641 mil quilômetros quadradros. Além dos Estados percorridos pelo São Chico, ela abrange Goiás e o Distrito Federal. A vegetação ao longo do curso apresenta características do cerrado, caatinga e mata atlântica. A bacia é também formada por 168 afluentes, muitos deles temporários, alguns quase extintos. Na margem esquerda estão os rios Abaeté, Paracatu, Urucuia, Carinhanha, Corrente e Grande. Na margem direita ficam o rio das Velhas, Pará, Paraopeba e Verde Grande. Conhecido como “rio da unidade nacional”, o Chico é muito importante para o desenvolvimento do Nordeste. A economia ribeirinha é baseada na pesca e na agropecuária. A maior parte do seu leito oferece boas condições de navegação. Sua fauna apresenta peixes de variadas espécies, como o surubim, dourado, piau, curimatã-pacu e pacamã.

Agravada pela poluição, pela presença de grandes usinas hidrelétricas e, principalmente, pela destruição do cerrado e das matas ciliares, a condição do Velho Chico tem piorado a cada ano, modificando a paisagem, o meio ambiente e o clima à sua volta.

À INFÂNCIA BARRANQUEIRA
DO RIO SÃO FRANCISCO
NA ESPERANÇA DE UM FUTURO MELHOR
(…)

SOB A PONTE HAVIA UM RIO,
UM RIO CHAMADO CHICO,
E SÓ DE PENSAR EU FICO
COM A ALMA POR UM FIO.
SUA VIDA SE APAGOU
COMO SE FOSSE UM PAVIO
(…)

RESTAM PEDRAS NO SEU LEITO,
ROCHAS TALVEZ MILENARES
ESCULPIDAS FEITO ALTARES
POR CINZEL QUASE PERFEITO.
AS ÁGUA AS ENCOBRIAM E ENXERGAR NÃO TINHA JEITO
(…)

O CHICO FOI DESCOBERTO
POR AMÉRICO  VESPÚCIO
QUE LOGO FEZ O ANÚNCIO
DIZENDO QUE O VIU DE PERTO.
OUTROS DEPOIS CONFIRMARAM:
NAVEGANTE ESTAVA CERTO
(…)

HOUVE MUITOS PESCADORES
DE ANZOL, TARRAFA E REDE.
O CHICO MORREU DE SEDE,
HOJE LAMENTAM HORRORES.
A ÁGUA QUE ERA TÃO PURA
PASSOU A EXALAR ODORES
(…)

MUITOS PEIXES LÁ SE FORAM:
SURUBIM,CURIMATÃ, PIRÁ, PIAU, MATRINXÃ
NESSE RIO JÁ NÃO MORAM.
ADEUS, MANDI-AMARELO,
DE SAUDADE TODOS CHORAM
(…)

O BARQUEIRO DESISTIU
DE FAZER A TRAVESSIA.
CORREDEIRA QUE HAVIA,
NUNCA MAIS NINGUÉM VIU.
CACHOEIRA JÁ NÃO QUEDA,
AGONIA O TAMBORIL
(…)

VELHO CHICO SE CANSOU DE TANTO SER EXPLORADO.
DE TANTO SER MALTRATADO
DO LEITO SE RETIROU.
SUAS ÁGUAS NÃO SECARAM,
ELE APENAS SE MUDOU

Jorge Fernando dos Santosé escritor, compositor e jornalista. Foi repórter e editor de jornal, além de assessor de comunicação. Tem mais de 70 músicas gravadas e 40 livros publicados, entre eles Palmeira Seca (Prêmio Guimarães Rosa de romance e tese de mestrado na Itália) e o Rei da rua, ambos adaptados para minisséries de TV. Em 2015 foi finalista do Prêmio Jabuti, com o livro Alguém tem que ficar no gol, e publicou a biografia Vandré – O homem que disse não.

Capa do livro Cordel do rio Chico

CORDEL DO RIO CHICO

Jorge Fernando dos Santos
Paulus Editora
32 páginas
Lançamento previsto para Julho

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