Expresso

O que aconteceria se uma bomba nuclear caísse na sua cidade

Murilo Roncolato

13 de abril de 2018(atualizado 28/12/2023 às 02h08)

Interativo que permite simular efeitos de um ataque nuclear em qualquer cidade do mundo visa divulgar fatos sobre assunto

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FOTO: REPRODUÇÃO/CC 2.0

Explosão de bomba se estende por quilômetros do céu ao chão. Formato de cogumelo e todas as nuvens se afastam em torno da circunferência da detonação

Detonação de bomba ‘Little Boy’ em Hiroshima, no Japão, em 1945

Quando as bombas nucleares americanas caíram sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945 no Japão, a humanidade finalmente teve a noção do potencial trágico daquele tipo de artefato para o mundo. Desde então, diferentes organizações trabalham para que a memória sobre o poder de armas nucleares continue a fazer avançar políticas em favor do seu controle ou desarmamento – tema que anda quente graças às desavenças dos Estados Unidos de Donald Trump com países como Coreia do Norte , Rússia ou Síria .

Uma dessas organizações é a americana Outrider. Fundada em 1998 pelo gerente de investimentos Frank Burgess , a entidade usa ferramentas digitais para informar e inspirar ações sobre perigos fatais à população, como a “aniquilação nuclear” ou a “catástrofe” resultante das mudanças climáticas.

“Acreditamos que pessoas comuns podem fazer a diferença se tivermos as ferramentas certas para inspirá-las”, disse a diretora do Outrider, especialista em política nuclear, Tara Drozdenko, ao site Fast Company . “Nós usamos boas visualizações para que as pessoas possam realmente entender a ameaça.”

Embora Drozdenko afirme que o objetivo não é o de assustar ninguém, o primeiro projeto digital lançado pela organização é bem gráfico e assustador. Ao abrir a página do interativo “Bomb blast” (explosão, em inglês), lançado no dia 7 de abril de 2018, o usuário é convidado a escolher um lugar do mundo a receber virtualmente um ataque de bomba nuclear. É possível digitar o nome de uma cidade ou ainda optar por usar a sua própria localização.

Partindo de dados de um outro projeto similar chamado Nuke Map , o interativo da Outrider permite simular um ataque com diferentes tipos de bombas (há um exemplar norte-coreano, outro soviético e dois americanos, incluindo a chamada “Little boy”, solta sobre Hiroshima) e saber o alcance dos danos causados pela radiação e o número estimado de mortes.

Danos nucleares

FOTO: REPRODUÇÃO/OUTRIDER

Simulação de efeitos de bomba nuclear em São Paulo

Site permite fazer simulação de efeitos de bomba nuclear de qualquer cidade do mundo

No caso de uma bomba Tsar, “a maior bomba soviética já detonada” de poder calculado em 150 mil kt ou quilotons, que explode no ar (é possível optar pela explosão no nível do chão, o que gera um dano menor) sobre o centro da cidade de São Paulo , o resultado seria o seguinte:

  • Número de mortos: 11,3 milhões
  • Feridos: 6 milhões
  • Radiação: afetaria uma área de 30,9 km² (alcançando bairros como Santa Cecília, Liberdade e Brás)
  • Bola de fogo: o fogo da explosão chegaria a 67 km² (o que incluiria bairros como Paraíso, Barra Funda, Mooca e Vila Guilherme)
  • Onda de choque: a região afetada seria de 1.352 km² (atingindo cidades próximas como Santo André, Guarulhos e Taboão da Serra)
  • Calor: promovido pela explosão, o calor cobriria uma área de 11.298,7 km² (causando danos a cidades mais distantes como Cubatão, Mogi das Cruzes, Atibaia, São Roque e, no litoral, em Santos)

Para cada elemento da detonação, a organização explica seus efeitos.

Em relação ao calor gerado pela explosão, os danos seriam “catastróficos”. “Madeira, tecido, papel e plásticos sofreriam combustão”, diz o texto explicativo. Dentro da área delimitada, pessoas sofreriam queimaduras de até terceiro grau. “Mesmo fora desse limite, o calor seria intenso o suficiente para causar queimaduras de primeiro e segundo graus.’

A onda de choque, por sua vez, nada mais é do que o ar sendo empurrado pela pressão gerada pela explosão. Dentro do raio determinado, a onda é forte o suficiente para destruir a maioria dos prédios. “Enquanto o corpo humano pode sobreviver à forte pressão dos ventos, qualquer um nessa área provavelmente se machucaria ou morreria ao se chocar com estruturas ou detritos.”

Após ser detonada, uma bola de fogo se forma a temperaturas altíssimas. “Qualquer coisa – ou pessoa – dentro dessa bola de fogo seria vaporizada em um instante.”

No caso da radiação, ela diz que quem não morresse pelo choque da explosão ou pelo calor irradiado, “teria uma morte dolorosa pela radiação em questão de poucas horas ou algumas semanas”. A radiação continuaria a afetar a região por décadas, contaminando os animais e a vegetação do entorno .

Em ação

Concluído o trabalho de impressionar os visitantes da página, a Outrider propõe uma lista de ações que podem ser tomadas por qualquer pessoa contra o perigo nuclear. O primeiro passo seria buscar mais informações a respeito do tema, por meio de tutoriais de organizações como a Nuclear Threat Initiative ou de aulas on-line de Univeridade de Stanford sobre o tema.

Na sequência, a entidade sugere a adesão a organizações internacionais como Global Zero ou ainda a Ican (Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares), iniciativa vencedora do Nobel da Paz em 2017 . Ou ainda pressionar políticos, ou até fazer alguma arte de teor político a respeito.

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