Expresso

Como a idade influencia a reinfecção pela covid-19

Aline Pellegrini

18 de março de 2021(atualizado 28/12/2023 às 23h01)

Primeira pesquisa de grande escala realizada sobre o tema durante a pandemia foi publicada pela revista científica The Lancet. Dados não levam em conta as variantes do coronavírus

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FOTO: DENIS BALIBOUSE/FILE PHOTO/REUTERS

Homem vestido com roupas descartáveis, máscara e óculos de proteção coloca cotonete em nariz de homem sentado e de máscara

Enfermeiro coleta amostra de paciente para teste PCR

Pessoas com mais de 65 anos que já tiveram o novo coronavírus não podem considerar que estão protegidas de um novo contágio, segundo o maior estudo sobre a reinfecção pela cepa original do novo coronavírus publicado na quarta-feira (17) na revista The Lancet.

A primeira pesquisa em grande escala sobre a reinfecção pelo novo coronavírus descobriu que pessoas mais velhas são mais propensas a serem infectadas novamente do que as mais jovens: apenas 47% dos indivíduos com mais de 65 anos estavam protegidos contra novas infecções em comparação com 80% dos mais jovens. Essa proteção durou pelo menos seis meses.

0,65%

das 110 mil pessoas acompanhadas pela pesquisa foram reinfectadas

Testagem em massa

O estudo foi conduzido na Dinamarca, onde pesquisadores analisaram dados coletados por meio do programa nacional de testagem do governo dinamarquês. Em 2020, mais de dois terços da população do país nórdico — cerca de 4 milhões de pessoas — foi submetida a 10,6 milhões de testes. Os testes RT-PCR (considerados como a melhor opção para detectar a presença do vírus em um indivíduo) são gratuitos e estão disponíveis para todos os cidadãos dinamarqueses.

Os pesquisadores usaram os dados colhidos em 2020, durante a primeira (março a maio) e a segunda (entre setembro e dezembro) ondas. O estudo levou em consideração as diferenças de sexo, idade e tempo desde o contágio para estimar a proteção contra reinfecção.

Pesquisadores do Staten Serum Institut, da Universidade de Copenhagen e do Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças que realizaram o estudo não encontraram evidências de que a proteção contra a reinfecção diminuiu em seis meses.

Variantes não foram estudadas

Na publicação, os autores afirmam que durante o período da pesquisa as variantes ainda não haviam aparecido na Dinamarca e mais estudos são necessários para avaliar a proteção contra a reinfecção com as variantes do coronavírus. A variante descoberta no Reino Unido, por exemplo, é mais transmissível e por isso se tornou a cepa dominante na Europa.

Estudos anteriores já sugeriram que a imunidade após uma infecção poderia durar pelo menos seis meses, mas a pesquisa recém-publicada dá uma indicação melhor do nível de proteção e como ele difere entre os grupos de idade.

Os resultados desse levantamento, no entanto, segundo os professores do Imperial College de Londres, Rosemary Boyton e Danny Altmann, são “mais preocupantes”, mas os dados confirmam que um programa global de vacinação é a melhor e mais duradoura solução.

“O surgimento das ‘variantes de preocupação’ [termo usado para designar as novas linhagens do vírus] podem mudar a imunidade e deixá-la abaixo de uma margem protetora, levando à necessidade de novas vacinas. Curiosamente, as respostas à vacina, mesmo após uma dose única, são substancialmente aumentadas em indivíduos com um histórico de infecção”

Rosemary Boyton e Danny Altmann

professores ingleses em artigo publicado pela The Lancet que comenta o estudo dinamarquês

Estima-se que o número de pacientes graves de até 50 anos em São Paulo subiu de 25% a 35% em 2021 em relação ao ano passado. Em Araraquara, 60% dos novos casos da covid-19 estão sendo registrados em pessoas com idades entre 20 e 49 anos. Um estudo do Instituto de Medicina Tropical e da Universidade de São Paulo indica que a variante brasileira é a predominante na cidade.

A pandemia de coronavírus já matou mais de 2,6 milhões pessoas no mundo, segundo a Universidade Johns Hopkins. O Brasil tem registrado recordes diários de mortes causadas pela covid-19 e é o segundo país com mais mortos pela doença, mais de 285 mil pessoas até 17 de março de 2021.

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