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“Não posso dizer que o crime não compensou”, disse Anna Sorokin ao jornal New York Times na segunda-feira (14). Ela se refere aos US$ 320 mil que recebeu da Netflix para autorizar a produção de “Inventando Anna”, série baseada em sua vida e produzida por Shonda Rhimes (“Grey’s Anatomy”).

Em 2013, Sorokin, russa naturalizada alemã, mudou-se para Nova York e lá assumiu o nome de Anna Delvey. Ela se apresentava como herdeira de um bilionário alemão. Com a identidade falsa, convencia membros da elite nova-iorquina a financiar sua vida de luxo – que incluía aviões particulares, hotéis cinco estrelas e restaurantes premiados. Sua história foi contada pela revista New York em 2018, e a reportagem serviu como base para a produção da Netflix.

Neste texto, o Nexo apresenta os desdobramentos do caso de Anna Sorokin e mostra por onde ela anda.

Presa, solta e presa de novo

Anna Sorokin foi presa em 2017, após ter se hospedado no hotel de luxo W New York sem pagar pelos serviços.Na ocasião, Sorokin disse que não tinha cartão de crédito e que gostaria de pagar as custas com cheques, assim que saísse do apartamento. Depois de dois dias, o W New York expulsou a moça do prédio e fez denúncias na polícia nova-iorquina, acusando-a de fraude.

Paralelamente, a Promotoria de Manhattan já investigava Sorokin por supostos pagamentos com cheques sem fundo feitos no passado. Ela foi presa provisoriamente, enquanto aguardava julgamento.

O julgamento começou em março de 2019 e durou dois meses. Anna Sorokin foi condenada a 12 meses de prisão por fraude, roubo e tentativa de roubo.

Por bom comportamento, Anna foi solta em fevereiro de 2021, mas acabou sendo presa novamente seis semanas depois, dessa vez pela ICE, a polícia imigratória dos EUA .

Segundo a ICE, Sorokin estava no país com o visto expirado. Ela foi levada a uma prisão para imigrantes ilegais e está lá desde então, aguardando julgamento para saber se será deportada para a Alemanha ou não. Ela considera a detenção uma perda de tempo.

“Não acho que seja uma ideia controversa dizer que estou perdendo tempo e que o sistema da prisão imigratória é ineficaz. Fico chocada”, disse ao New York Times.

O cachê

Anna Sorokin recebeu US$ 320 mil da Netflix para ceder os direitos de sua história de vida para a série e também por servir como consultora da produção.

Ao jornal New York Times Sorokin disse que, do total, US$ 198 mil foram destinados ao pagamento de indenizações previstas na condenação, e o resto será destinado ao pagamento de seus advogados.

Paralelamente, ela está trabalhando em um documentário, um livro e um podcast sobre sua vida. Não se sabe quanto ela vai receber pelos projetos. Ela ressalta também que não recomenda a vida de crimes para ninguém.

“Não quero encorajar o crime. Estou só mostrando como fiz o melhor a partir da minha situação, sem romantizar a coisa toda. É isso que estou tentando tirar dessa história”, afirmou.

E onde está a jornalista?

A outra personagem central de“Inventando Anna” é a jornalista Vivian Kent. Ela foi inspirada na repórter Jessica Pressler, da revista New York, que atuou como produtora e consultora da série.

Pressler começou sua carreira em 2004, como colunista de celebridades da revista Philadelphia. Dois anos depois, começou a escrever para a New York , inicialmente cobrindo a editoria de negócios e tecnologia.

FOTO: DIVULGAÇÃO/SHONDALAND

Em 2016, escreveu a reportagem“The Hustlers”, sobre dançarinas de clubes adultos que davam golpes em seus clientes. A história foi adaptada para o cinema em 2019 no filme “As golpistas”, estrelado por Jennifer Lopez. Ela continua como repórter da New York.