Expresso

Como estas cientistas inspiram crianças a se apaixonar pela ciência

Cesar Gaglioni

10 de fevereiro de 2023(atualizado 28/12/2023 às 17h17)

Para marcar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, o ‘Nexo’ ouviu cinco pesquisadoras sobre maneiras de despertar nos mais novos o interesse pelo conhecimento científico

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FOTO: EDUARDO MUNOZ /REUTERS – 01.08.14

Uma menina negra de óculos, por trás de um vidro, olha com interesse para um cubo de Rubik tecnológico

Menina visita campeonato de cubo de Rubik no Liberty Science Center, nos Estados Unidos

Neste sábado (11) é comemorado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, uma data dedicada a destacar a importância do papel das mulheres na ciência e a promover a igualdade de gênero no setor.

A data foi proclamada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2015 com o objetivo de inspirar e motivar mulheres e meninas a seguirem carreiras científicas e tecnológicas.Segundo a instituição, a celebração é uma oportunidade para refletir sobre o passado, celebrar o presente e imaginar um futuro onde todas as mulheres e meninas tenham a oportunidade de alcançar seus sonhos e potencial na ciência.

Historicamente, a ciência tem sido dominada por homens , mas mulheres cientistas fizeram e fazem contribuições importantes em vários campos do saber.Inspirar crianças a se apaixonar pela ciência é uma parte fundamental dos esforços para a igualdade de gênero na área, por mostrar que a ciência pode ser uma janela fascinante para o mundo e uma carreira em potencial para o futuro.

O Nexo ouviu cincomulheres cientistas sobre como elas tentam inspirar crianças a se apaixonarem pela ciência e despertar o interesse no tema.

Alimentar a curiosidade

Laura Marise é farmacêutica, doutora em biociências e biotecnologia e apresentadora do canal de YouTube “Nunca vi 1 cientista” .

A criança já nasce com duas características muito únicas de cientistas, que são a curiosidade e a vontade de aprender. Então ela já tem essa chama dentro dela e o que a gente tem que fazer é alimentar essa chama. A melhor forma de fazer isso é nunca ignorar uma pergunta de uma criança. Eu sei que muitas vezes é muito chato, porque tem a fase dos porquês, que tudo elas querem saber e nem sempre a gente tem as respostas, mas estimular e mostrar já vai fazer com que ela tenha um interesse cada vez maior.”

Laura Marise

farmacêutica

Usar o bom humor

Fabrícia Almeida é física e doutora em astrofísica pela Universidade do Vale do Paraíba. Ela sugere o bom humor para despertar o fascínio das crianças pela ciência.

“A ciência pode ser divertida, dinâmica e alegre para todos que tenham curiosidade em descobri-la. Isso, claro, sem perder sua tecnicidade e veracidade. Agora, como despertar esse interesse em pessoas que nunca ouviram falar dela? Eu tenho uma receita: use o bom humor! Não tem nada melhor e mais gratificante do que ver as pessoas felizes e sorrindo enquanto aprendem algo novo. Isso funciona com os adultos e os adolescentes e muito melhor ainda com as crianças. Sair daquela seriedade ou até mesmo da zona de conforto de salas cheias de computadores ou de laboratórios com instrumentos mega modernos e levar a delicadeza do por que são feitas essas coisas e como elas melhoram e facilitam nossa vida podem ser as armas mais poderosas que temos para que todos tenham acesso à ciência e à informação científica. Assim, com o despertar dessa temática, envolver cada vez mais pessoas e futuros cientistas para o avanço e progresso da ciência. Sempre com muito bom humor!”

Fabrícia Almeida

física

Explorar um interesse inerente

Camille Ortiz é bióloga e especialista de laboratório no Departamento de Bioquímica. Além disso, é mãe da Maria Luísa e da Carolina.

“Costumo pensar que as crianças nascem cientistas. Desde os primeiros anos elas observam o ambiente em que vivem e nos enchem de perguntas: por que chove, como se forma o arco-íris, por que o fogo queima e a mais temida – como eu fui parar na sua barriga? Essa curiosidade faz parte do desenvolvimento das crianças. Eles têm um interesse natural pelas coisas que os cercam, observam a natureza, os animais, os objetos e experimentam, testam e assim aprendem. O interesse pela ciência é inerente, só precisa ser explorado.”

Camille Ortiz

bióloga

Experiências em casa

Danielle Dias Pinto Ferreira é mestre e doutora em neurociência pela Universidade Federal Fluminense. Trabalha como responsável técnica pelo laboratório do braço brasileiro do centro de bioanálise Invitrocue.

“Devemos aguçar a curiosidade delas. As crianças são curiosas por natureza, em vez de darmos as respostas para suas perguntas, devemos indicar o caminho para que ela mesma obtenha as respostas. Há diversas experiências que podem ser feitas em casa, sempre sob a supervisão de um adulto. Quem nunca plantou um feijão no algodão? Museus de ciências também são um ótimo programa para crianças. Durante a minha infância ganhei um microscópio de presente, talvez o meu interesse pela área tenha surgido nessa época.”

Danielle Dias Pinto Ferreira

neurocientista

Ensinar a fazer perguntas

Livia Gouvêa de Carvalho Moura é mestranda em Linguística no Laboratório de Fonética e Linguagem da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

“Eu acredito que o interesse pela ciência é germinado na forma como apresentamos conhecimento para crianças no ensino básico. Tentar ensinar os diferentes temas menos como coisas dadas e mais como construções. Mostrar pelo menos parte dos processos pelos quais o conhecimento se constrói, ensinando-as a fazer perguntas sobre o mundo ao redor delas. A partir do momento em que a criança percebe que nada é tão óbvio quanto parece, entendendo a prática da ciência como resposta para suas próprias inquietações pessoais sobre o mundo, podemos introduzir a formação e a profissão de cientista como um caminho possível. Conversar sobre o ofício da ciência desde cedo também é muito importante, porque acredito que crescemos com essa ideia de que os cientistas são tão distantes de nós, fazendo coisas mirabolantes em seus laboratórios, e muitas vezes não sabemos sequer onde ficam esses laboratórios! Então visitar universidades, conversar com pesquisadores e pesquisadoras sobre seus afazeres, conhecer laboratórios de pesquisa de diferentes áreas do conhecimento, tudo isso importa muito para desmistificar a ciência e aproximá-la da realidade da criança, transformando-a numa possibilidade de formação!”

Livia Gouvêa de Carvalho Moura

linguista

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