Como estas cientistas inspiram crianças a se apaixonar pela ciência
Cesar Gaglioni
10 de fevereiro de 2023(atualizado 28/12/2023 às 17h17)Para marcar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, o ‘Nexo’ ouviu cinco pesquisadoras sobre maneiras de despertar nos mais novos o interesse pelo conhecimento científico
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Neste sábado (11) é comemorado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, uma data dedicada a destacar a importância do papel das mulheres na ciência e a promover a igualdade de gênero no setor.
A data foi proclamada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2015 com o objetivo de inspirar e motivar mulheres e meninas a seguirem carreiras científicas e tecnológicas.Segundo a instituição, a celebração é uma oportunidade para refletir sobre o passado, celebrar o presente e imaginar um futuro onde todas as mulheres e meninas tenham a oportunidade de alcançar seus sonhos e potencial na ciência.
Historicamente, a ciência tem sido dominada por homens , mas mulheres cientistas fizeram e fazem contribuições importantes em vários campos do saber.Inspirar crianças a se apaixonar pela ciência é uma parte fundamental dos esforços para a igualdade de gênero na área, por mostrar que a ciência pode ser uma janela fascinante para o mundo e uma carreira em potencial para o futuro.
O Nexo ouviu cincomulheres cientistas sobre como elas tentam inspirar crianças a se apaixonarem pela ciência e despertar o interesse no tema.
Laura Marise é farmacêutica, doutora em biociências e biotecnologia e apresentadora do canal de YouTube “Nunca vi 1 cientista” .
“A criança já nasce com duas características muito únicas de cientistas, que são a curiosidade e a vontade de aprender. Então ela já tem essa chama dentro dela e o que a gente tem que fazer é alimentar essa chama. A melhor forma de fazer isso é nunca ignorar uma pergunta de uma criança. Eu sei que muitas vezes é muito chato, porque tem a fase dos porquês, que tudo elas querem saber e nem sempre a gente tem as respostas, mas estimular e mostrar já vai fazer com que ela tenha um interesse cada vez maior.”
Fabrícia Almeida é física e doutora em astrofísica pela Universidade do Vale do Paraíba. Ela sugere o bom humor para despertar o fascínio das crianças pela ciência.
“A ciência pode ser divertida, dinâmica e alegre para todos que tenham curiosidade em descobri-la. Isso, claro, sem perder sua tecnicidade e veracidade. Agora, como despertar esse interesse em pessoas que nunca ouviram falar dela? Eu tenho uma receita: use o bom humor! Não tem nada melhor e mais gratificante do que ver as pessoas felizes e sorrindo enquanto aprendem algo novo. Isso funciona com os adultos e os adolescentes e muito melhor ainda com as crianças. Sair daquela seriedade ou até mesmo da zona de conforto de salas cheias de computadores ou de laboratórios com instrumentos mega modernos e levar a delicadeza do por que são feitas essas coisas e como elas melhoram e facilitam nossa vida podem ser as armas mais poderosas que temos para que todos tenham acesso à ciência e à informação científica. Assim, com o despertar dessa temática, envolver cada vez mais pessoas e futuros cientistas para o avanço e progresso da ciência. Sempre com muito bom humor!”
Camille Ortiz é bióloga e especialista de laboratório no Departamento de Bioquímica. Além disso, é mãe da Maria Luísa e da Carolina.
“Costumo pensar que as crianças nascem cientistas. Desde os primeiros anos elas observam o ambiente em que vivem e nos enchem de perguntas: por que chove, como se forma o arco-íris, por que o fogo queima e a mais temida – como eu fui parar na sua barriga? Essa curiosidade faz parte do desenvolvimento das crianças. Eles têm um interesse natural pelas coisas que os cercam, observam a natureza, os animais, os objetos e experimentam, testam e assim aprendem. O interesse pela ciência é inerente, só precisa ser explorado.”
Danielle Dias Pinto Ferreira é mestre e doutora em neurociência pela Universidade Federal Fluminense. Trabalha como responsável técnica pelo laboratório do braço brasileiro do centro de bioanálise Invitrocue.
“Devemos aguçar a curiosidade delas. As crianças são curiosas por natureza, em vez de darmos as respostas para suas perguntas, devemos indicar o caminho para que ela mesma obtenha as respostas. Há diversas experiências que podem ser feitas em casa, sempre sob a supervisão de um adulto. Quem nunca plantou um feijão no algodão? Museus de ciências também são um ótimo programa para crianças. Durante a minha infância ganhei um microscópio de presente, talvez o meu interesse pela área tenha surgido nessa época.”
Livia Gouvêa de Carvalho Moura é mestranda em Linguística no Laboratório de Fonética e Linguagem da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
“Eu acredito que o interesse pela ciência é germinado na forma como apresentamos conhecimento para crianças no ensino básico. Tentar ensinar os diferentes temas menos como coisas dadas e mais como construções. Mostrar pelo menos parte dos processos pelos quais o conhecimento se constrói, ensinando-as a fazer perguntas sobre o mundo ao redor delas. A partir do momento em que a criança percebe que nada é tão óbvio quanto parece, entendendo a prática da ciência como resposta para suas próprias inquietações pessoais sobre o mundo, podemos introduzir a formação e a profissão de cientista como um caminho possível. Conversar sobre o ofício da ciência desde cedo também é muito importante, porque acredito que crescemos com essa ideia de que os cientistas são tão distantes de nós, fazendo coisas mirabolantes em seus laboratórios, e muitas vezes não sabemos sequer onde ficam esses laboratórios! Então visitar universidades, conversar com pesquisadores e pesquisadoras sobre seus afazeres, conhecer laboratórios de pesquisa de diferentes áreas do conhecimento, tudo isso importa muito para desmistificar a ciência e aproximá-la da realidade da criança, transformando-a numa possibilidade de formação!”
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