Ciência

O acervo digital que retrata a evolução da ciência

Mariana Marques

10 de maio de 2023(atualizado 28/12/2023 às 17h24)

Royal Society disponibiliza mais de 30 milhões de documentos científicos em nova plataforma. Conteúdos considerados ‘sensíveis’ também foram digitalizados

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FOTO: THE ROYAL SOCIETY

Ilustrações produzidas para as Philosophical Transactions of the Royal Society, 1807-1833

Ilustrações produzidas para as Philosophical Transactions of the Royal Society, 1807-1833

A academia científica inglesa Royal Society lançou a plataforma digital Science in the Making , que disponibiliza documentos e arquivos digitalizados da instituição. Mais de 30 milhões de manuscritos podem ser acessados na plataforma.

O projeto de digitalização foi criado em 2014, com o objetivo de democratizar o acesso ao material de arquivo da Royal Society relacionado às publicações científicas. Uma versão piloto do site foi disponibilizada em 2018 com a transcrição de centenas de documentos que incluíam revisão de artigos científicos, correspondências, fotografias e esboços que datavam de 1665 até 1992.

O trabalho de ampliação do acervo do Science in the Making sofreu com a suspensão de parte das atividades do instituto durante os primeiros anos da pandemia de covid-19. Cinco anos depois da primeira versão do site, a plataforma foi finalizada e documentos de todos os períodos da história da ciência moderna ocidental se encontram disponíveis para consulta online.

Conteúdos sensíveis

Entre os materiais aos quais é possível ter acesso existem documentos considerados de teor “sensível”, que incluem experimentos antiéticos, linguagem ofensiva e concepções preconceituosas sobre o fazer científico. No entanto, a Royal Society afirma que é importante mantê-los online como uma forma de ser transparente com a história da ciência e de entender como iniciativas pseudocientíficas tentaram embasar diversas formas de opressão de forma teórica.

A plataforma também disponibiliza seis artigos nos quais historiadores da ciência analisam criticamente parte do acervo marcado como “sensível” e detalham o que os arquivos históricos demonstram sobre o período no qual foram produzidos e quais consequências provocaram. O material encontra-se disponível na página In focus .

Dois destaques do acervo

Cartas de Caroline Herschel

Caroline Herschel foi uma importante astrônoma germano-britânica que viveu durante os séculos 18 e 19. Herschel é conhecida por ter descoberto diversos cometas em estudos que conduziu sozinha e em conjunto do seu irmão, William Herschel. Caroline foi a primeira mulher a ser remunerada por suas contribuições científicas e, ao final da vida, foi agraciada com a Medalha de Ouro da Ciência do Rei da Prússia (1846). Nos catálogos do Science in the Making é possível acessar cartas e diários com suas observações originais sobre os astros.

Relatório de Shelford Bidwell

Um dos arquivos disponibilizados pela plataforma é um relatório do físico britânico Shelford Bidwell sobre um importante artigo chamado “The evolution of the colour sense” (A evolução do sentido da cor, em tradução livre). Publicado em 1900 pelo médico Frederick William Edridge-Green, a pesquisa retrata a percepção humana das cores. No relatório, Bidwell descreve Edridge-Green como “louco” e como um “lixo de natureza grotesca”. Os testes propostos pelo médico, no entanto, foram amplamente utilizados para diagnosticar daltonismo entre os membros da Marinha britânica.

O que é a Royal Society

FOTO: CREATIVE COMMONS ATTRIBUTION-SHARE ALIKE 3.0

Físicos em frente ao prédio da Royal Society, 1952, em Londres.

Físicos em frente ao prédio da Royal Society, 1952, em Londres.

Oficialmente denominada “The Royal Society of London for Improving Natural Knowledge” (a sociedade real de Londres para a melhoria do conhecimento natural, em tradução livre), a Royal Society foi criada em novembro de 1660. Ela tem entre seus associados cientistas naturais ou residentes do Reino Unido, da Irlanda e demais países do Commonwealth (como o Canadá, a Austrália e a África do Sul).

Nos seus 363 anos de existência, apenas 8.000 cientistas fizeram parte da instituição. Destes, mais de 75 foram laureados com o Prêmio Nobel. Ao longo da história, nomes como Charles Darwin, Albert Einstein e Stephen Hawking já constaram entre os seus associados e Isaac Newton foi seu presidente mais notório.

Apenas dois brasileiros já ingressaram na instituição como membros estrangeiros, d. Pedro 2º (na condição de membro da realeza) e o climatologista Carlos Nobre, conhecido por suas pesquisas a respeito do futuro do bioma amazônico e do desmatamento da floresta tropical.

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