Sem Bolsonaro, Brasil terá segunda maior delegação da COP26
Da Redação
29 de outubro de 2021(atualizado 28/12/2023 às 23h29)País chega ao principal encontro sobre mudanças climáticas com imagem deteriorada pela política ambiental do governo
Presidente Jair Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília
Sem a presença do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil terá a segunda maior delegação entre os países que participarão da COP26, a 26ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que começa domingo (31) em Glasgow, na Escócia. Trata-se do evento internacional mais importante sobre o tema, onde os países debatem seus compromissos e iniciativas para enfrentar o aquecimento global.
O presidente disse na quarta-feira (27) que sua ausência na COP seria uma questão de “estratégia”. “A princípio eu não vou, não. É uma estratégia nossa, o nosso ministro do Meio Ambiente [Joaquim Leite] vai. E é um local que nós já assumimos compromisso, estamos cumprindo”, disse ele em entrevista à TV A Crítica, de Manaus (AM).
A decisão foi confirmada à Globonews pelo Palácio do Planalto, que informou que Bolsonaro gravou um pronunciamento para a conferência. “Por motivo de agenda, o presidente da República participará da COP26 por meio de vídeo, gravado e já enviado aos organizadores do evento.” Bolsonaro viajou nesta sexta-feira (29) à Itália para encontro do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, e priorizou uma cerimônia em que será condecorado no vilarejo italiano de Anguillara, terra de parte de seus antepassados — a homenagem provocou protestos de políticos e ativistas.
Enquanto isso, cerca de 100 pessoas representarão o Brasil na COP, incluindo 12 governadores . O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, será o chefe da delegação brasileira. Também estão confirmados os ministros Bento Albuquerque, de Minas e Energia, e Fábio Faria, das Comunicações, além do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Maior do que a brasileira só a delegação dos Estados Unidos, que inclui o presidente Joe Biden.Após quatro anos depreciando discussões sobre as mudanças climáticas ao longo mandato do ex-presidente Donald Trump, os americanos agora tentam assumir protagonismo na diplomacia ambiental.
Os brasileiros também chegam à COP tentando correr atrás do prejuízo, mas por ações e omissões do atual governo. Em 2020, segundo ano da gestão Bolsonaro, enquanto o resto do mundo registrou queda de 6,7% nas emissões de gases do efeito estufa, o Brasil aumentou suas emissões em 9,5%, o maior salto desde 2006. A alta, divulgada pelo Observatório do Clima, está ligada principalmente ao avanço do desmatamento .
Na comunidade internacional, a imagem do Brasil se deteriorou rapidamente desde a posse de Bolsonaro por causa da postura do governo, favorável à mineração em áreas protegidas e pouco ativa no combate ao desmatamento, às queimadas e às ameaças aos povos indígenas . “É aquela história, você sabe que o presidente Bolsonaro sofre uma série de críticas”, reconheceu nesta sexta-feira (29) o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), que justificou a ausência de Bolsonaro na COP porque ele iria “chegar num lugar que todo mundo vai jogar pedra nele”.
Por causa da urgência de medidas para frear o aquecimento global, a COP26 é considerada o encontro sobre mudanças climáticas mais importante desde a assinatura do Acordo de Paris ,tratado internacional para frear o aquecimento da Terra firmado por 195 países na COP21, em 2015. Além do presidente dos EUA, entre os mais de 120 líderes mundiais que confirmaram presença na cúpula de Glasgow estão o indiano Narendra Modi e a chanceler alemã, Angela Merkel. Já o presidente russo, Vladimir Putin, não vai . Xi Jinping, presidente da China, irá aparecer em vídeo .
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