Lula diz que ‘orçamento secreto’ livrou Bolsonaro de impeachment
Da Redação
16 de novembro de 2021(atualizado 28/12/2023 às 23h31)Ex-presidente também chamou ministro Paulo Guedes de ‘destruidor de nações’ e criticou o fim do Bolsa Família durante evento na França
O ex-presidente Lula durante evento no Instituto de Estudos Políticos de Paris, na França
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na terça-feira (16), em evento no Instituto de Estudos Políticos de Paris, na França, que o uso do “orçamento secreto” no Congresso, com a liberação de recursos sem critérios definidos e com pouca transparência para parlamentares que apoiam o governo, por meio das chamadas emendas de relator, impediu que o presidente Jair Bolsonaro sofresse um processo de impeachment.
Para ser aberto, um processo por crime de responsabilidade que pode levar ao impedimento precisa ser analisado a partir de uma decisão do presidente da Câmara, algo que nunca veio no governo Bolsonaro, seja quando a Casa estava sob comando de Rodrigo Maia (ex-DEM-RJ), seja quando passou para as mãos de Arthur Lira (PP-AL), líder do centrão e um dos operadores do“orçamento secreto”.
A fala de Lula ocorreu durante uma palestra organizada para celebrar uma década do título de “doutor honoris causa” concedido pela instituição ao ex-presidente. O evento na faculdade de ciência política foi batizado de “Qual é o lugar do Brasil no mundo de amanhã?”. “O Bolsonaro tem mais de 160 pedidos de impeachment e nenhum foi votado. Por quê? Porque a comissão de orçamento da Câmara criou um orçamento paralelo”, disse.
Segundo Lula, com a quantia liberada por meio do mecanismo, “ninguém vai votar impeachment”. “Só quem vai poder votar impeachment é o povo brasileiro dizendo: ‘Chega! Esse país merece gente melhor’”, afirmou o ex-presidente, cujo governo foi acusado de comprar parlamentares no escândalo do mensalão – petistas e aliados acabaram condenados pelo Supremo.
Durante o evento, Lula também criticou o ministro da Economia, Paulo Guedes, a quem chamou de “mentiroso” e “destruidor de nações”, e o fim do Bolsa Família, que está sendo substituído pelo Auxílio Brasil. “Eles entenderam que [o Bolsa Família] era um símbolo do governo do PT e era preciso destruir para construir mais uma mentira que é o tal de Auxílio Brasil”, afirmou.
Lula começou uma viagem pela Europa em 11 de novembro. O ex-presidente se encontrou na Alemanha com Olaf Scholz, do SPD (Partido Social-Democrata alemão), que venceu as eleições alemãs de setembro e deverá substituir a chanceler Angela Merkel. Na Bélgica, ele discursou no Parlamento Europeu, onde foi aplaudido de pé. Além da França, ele deve se reunir com lideranças políticas na Espanha, antes de voltar ao Brasil.
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