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Bolsonaro incentivou ameaças à Anvisa, diz chefe da agência

Da Redação

30 de dezembro de 2021(atualizado 28/12/2023 às 23h35)

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Barra Torres diz ter se afastado de presidente e critica consulta pública por atrasar vacinação de crianças. Mandatário falou sobre relação em live semanal

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FOTO: ADRIANO MACHADO/REUTERS – 22.OUT.2020

Imagem fechada mostra o presidente Jair Bolsonaro, sem máscara, conversando com presidente da Anvisa, Barra Torres, que usa uma máscara preta

O presidente Jair Bolsonaro conversa com o diretor-presidente da Anvisa, o contra-almirante Antonio Barra Torres


As declarações do presidente Jair Bolsonaro contra a decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de liberar a vacinação de crianças de 5 a 11 anos de idade contra a covid-19 incentivaram grupos antivacina e resultaram no aumento de ameaças aos funcionários da agência, segundo o diretor-presidente do órgão, Antonio Barra Torres. A avaliação foi feita em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, na quinta-feira (30).

Em resposta, o presidente afirmou em sua live semanal nesta quinta (30) que o diálogo foi fechado com a agência e que éimpossível falar com Barra Torres. Bolsonaro voltou a levantar suspeitas sem embasamento científico contra a vacinação infantil. O presidente também afirmou que a vacinação das crianças deveria ser facultativa, mas ressaltou que o Ministério da Saúde tem autonomia para decidir sobre o assunto.

Em meados de dezembro, depois que a agência decidiu autorizar o uso de doses pediátricas da Pfizer no Brasil, o presidente passou a atacar a medida e ameaçou divulgar os nomes dos técnicos da Anvisa que analisaram o tema. Ele chegou a dizer que não irá autorizar a vacinação de sua filha mais nova, Laura, de 11 anos, embora a legislação brasileira defina como obrigatória a imunização de crianças quando ela for recomendada por autoridades de saúde. Para atrasar o início da vacinação, o Ministério da Saúde também abriu consulta pública sobre o tema até o início de janeiro de 2022.

Segundo Barra Torres, as falas de Bolsonaro contribuíram para que cerca de 170 ameaças fossem feitas aos servidores da Anvisa. “São pessoas que veiculam ameaças, tanto de morte quanto de perseguições, humilhações, violências, agressões com foco em servidores, diretores, terceirizados, empregados, familiares, qualquer pessoa que se relacione com a Anvisa. Bem como as instalações prediais. É nitidamente o perfil do antivacina”, disse.

Ex-amigo pessoal de Bolsonaro, o diretor-presidente da Anvisa afirmou que se afastou do presidente depois das declarações e disse que, apesar dos pedidos de proteção para os funcionários da agência, nenhuma medida concreta foi tomada, o que tem criado uma “sensação de desamparo” em quem está sendo ameaçado.

Barra Torres também criticou a decisão do governo federal de abrir uma consulta pública sobre a vacinação de crianças. “É uma medida que não guarda precedentes na história recente, não guarda precedentes no enfrentamento da pandemia e que está levando, inexoravelmente, a um gasto de tempo, tendo em vista que a nossa análise já foi concluída”, disse.

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