Garimpo ilegal cresce na terra indígena Yanomami em 2021
Da Reuters
11 de abril de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h27)Relatório afirma que cidades inteiras foram criadas dentro de território, puxadas pela expansão da atividade. Presença de garimpeiros na região aumentou 46% em um ano
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Indígena Yanomami acompanha agentes do Ibama durante operação contra garimpo ilegal na floresta amazônica
Dados do relatório“Yanomami sob ataque!”, divulgado nesta segunda-feira (11) pela Hutukara Associação Yanomami com apoio da organização ISA (Instituto Socioambiental), mostram que o garimpo na terra indígena Yanomami, em Roraima, cresceu 46% em 2021. O avanço desordenado da atividade tem levado à criação de vilas inteiras — com mercados, pousadas e internet — e causado destruição, doenças e violência no território, segundo o texto.
A terra Yanomami é a maior terra indígena do país. A presença do garimpo na região já havia crescido entre 2016 e 2020. Nesse período, houve aumento de 3.350% nos registros de operações ilegais na região. O setor cresceu no contexto da crise orçamentária no governo federal, além do aumento do desinteresse na proteção das terras indígenas. Agências ambientais ficaram sem recursos e sem pessoal, o que enfraqueceu postos de atendimento no território.
Com fotos aéreas e de satélites das ocupações do garimpo, o relatório mostra que 273 das 350 comunidades indígenas e 16 mil indivíduos na terra Yanomami estão sendo afetados pela invasão da atividade, que se profissionaliza com apoio de transporte aéreo, internet e cidades criadas a beira dos rios. De janeiro a dezembro de 2021, cerca de 32 km² foram desmatados no território, quase três vezes o registrado em 2018, quando o monitoramento do ISA foi iniciado.
Investigações da Polícia Federal em decorrência das operações mostram que há relações entre o garimpo na terra indígena e empresas de Boa Vista, capital de Roraima. Segundo o estudo divulgado nesta segunda (11), o dinheiro obtido com a venda de ouro ilegal abastece o comércio legalizado da cidade.
A falta de fiscalização, brechas nas leis e o alto preço do ouro atraem para o garimpo grupos criminosos organizados. Investigações na região dão conta da atuação do PCC (Primeiro Comando da Capital) no fornecimento de equipamentos, armas e segurança para os garimpos, aponta o relatório.
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