PF diz não ter achado indícios de estupro de garota yanomami
Da Redação
06 de maio de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h29)Investigação ainda não foi finalizada. Mas policiais acreditam que denúncia feita por líder indígena pode ter sido motivada por falha de comunicação
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Comunidade Aracaçá, na terra indígena Yanomami, em Roraima
A Polícia Federal informou nesta sexta-feira (6) que até o momento as investigações em Roraima não encontraram indícios de crimes que teriam sido praticados por garimpeiros contra indígenas da comunidade deAracaçá, na Terra indígena Yanomami. De acordo com o órgão, a apuração ainda não foi concluída e novos fatos podem surgir. Os policiais disseram ainda que vão montar uma base na região para receber denúncias.
No dia 25 de abril, o presidente do Condisi-YY(Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana), Júnior Hekurari Yanomami, postou um vídeo em suas redes sociais em que afirmava que invasores teriam sequestrado, estuprado e matado uma garota indígena de 12 anos. Outra criança, de 3 anos, teria caído no rio enquanto os homens tentavam capturá-la.
Após a denúncia, a Polícia Federal viajou ao local para investigar o caso. Os agentes encontraram a comunidade vazia e casas queimadas. Houve suspeita de extermínio, mas também a hipótese de que o ocorrido correspondesse à tradição de queimar e abandonar o local após a morte de um parente. Porém, os policiais conseguiram encontrar e conversar com alguns integrantes da comunidade.
“Os indígenas que moram hoje lá não nos relataram nenhum ato de violência que tenha ocorrido lá naqueles dias imediatamente e sobre esses fatos da denúncia recente. Não confirmaram que nenhuma criança de 12 anos foi estuprada e em seguida morta por garimpeiros e nem sobre a criança afogada”, afirmou o delegado Daniel Pinheiro Leite em entrevista à imprensa na superintendência da PF em Roraima.
Segundo relato do jornal Folha de S.Paulo, Pinheiro disse acreditar que a denúncia sobre a suposta violência contra a comunidade Yanomami emAracaçá pode ter surgido por uma falha de comunicação .
O delegado levantou a seguinte hipótese: um servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio) teria exibido um vídeo do Instituto Socioambiental a uma liderança indígena; no vídeo havia um depoimento sobre garimpeiros que exigem favores sexuais de mulheres e crianças yanomami em troca de comida; essa liderança indígena que viu o vídeo teria demonstrado preocupação com a possibilidade de isso estar ocorrendo na comunidade deAracaçá, onde ele teria familiares.
“Essa informação foi passada para outro indígena. Este segundo teria tomado a informação como um fato acontecido no Aracaçá, repassou para outra liderança, que a tornou pública como um fato ocorrido, com riqueza de detalhes”, afirmou Pinheiro.
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