Grupo faz vaquinha para repórter conseguir indenizar Gilmar Mendes
Da Redação
10 de maio de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h29)Rubens Valente foi condenado a pagar R$ 310 mil a ministro do Supremo por danos morais após a publicação do livro ‘Operação banqueiro’. Jornalistas veem ameaça à liberdade de expressão
O ministro Gilmar Mendes, durante sessão da segunda turma do Supremo Tribunal Federal
Colegas do jornalista Rubens Valente organizaram uma vaquinha para arrecadar recursos a fim de ajudá-lo a pagar R$ 310 mil em indenização ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, que ganhou ação contra o jornalista por danos morais após a publicação do livro “Operação banqueiro”, de 2014.
R$ 125 mil
foi o valor arrecadado pela vaquinha até 10 de maio
R$ 143 mil
é o quanto o jornalista já pagou a Gilmar Mendes
Lançado pela Geração Editorial, “Operação banqueiro” é uma reportagem sobre o banqueiro Daniel Dantas, preso em 2008 pela Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Mendes, apesar de não ser protagonista do livro, é citado por duas decisões que garantiram a liberdade de Dantas após a prisão.
Com a publicação, o ministro entrou com ação na Justiça contra Valente afirmando que teve a honra atingida. Em 2015, na 15ª Vara Cível de Brasília, o juiz Valter André de Lima Bueno Araújo arquivou o caso, mas Mendes recorreu à segunda instância, e o Tribunal de Justiça do Distrito Federal reformou a sentença, condenando o jornalista.
O caso chegou então ao Superior Tribunal de Justiça, que deu ganho de causa a Gilmar Mendes e estipulou a indenização em R$ 310 mil . O tribunal também mandou que os réus incluíssem em reedições de “Operação banqueiro” a petição inicial de Mendes e a sentença condenatória, que juntas somam mais de 200 páginas – algo que na prática inviabiliza uma nova edição do livro. Em 2021, a Primeira Turma do STF confirmou a decisão.
Jornalistas consideram a punição uma ameaça à liberdade de expressão, pois dizem não ter havido abuso na publicação de “Operação banqueiro”. A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) ingressou com uma petição na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) para que o órgão avalie o caso.
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