Milton Ribeiro é preso em operação da PF sobre corrupção no MEC
Da Redação
22 de junho de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h34)Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura também tiveram sua prisão preventiva determinada pela Justiça. Polícia apura indícios de irregularidades na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
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O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, em solenidade de Valorização dos Professores da Educação Básica, no dia 4 de fevereiro de 2022
A Polícia Federal prendeu preventivamente o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura na manhã desta quarta-feira (22). A prisão do trio foi feita no âmbito da Operação Acesso Pago, que cumpre cinco mandados de prisão e 13 de busca e apreensão e apura suspeitas de irregularidades na liberação de verbasdo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Os agentes fazem buscas nos estados de Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal.
O ex-ministro foi preso em Santos (SP). Ele é suspeito de cometer os crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência durante sua gestão no MEC (Ministério da Ecucação).A investigação começou no Supremo Tribunal Federal, mas foi enviada à primeira instância após a saída de Ribeiro da pasta. O mandado de prisão preventiva foi expedido pelo juiz da 15ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, Renato Borelli. Ele também expediu medida cautelar proibindo o contato entre os investigados e envolvidos.
Ribeiro será encaminhado para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília e passará por audiência de custódia. Os advogados de defesa do ex-ministro disseram que a prisão é “ injusta, desmotivada e desnecessária ”, e entrarão com um habeas corpus pedindo a sua liberdade.
Gilmar Santos e Arilton Moura, também presos nesta quarta (22), são suspeitos de negociar a liberação de verbas com as prefeituras. Em março, reportagens do jornal O Estado de S. Paulo mostraram que a dupla, que não possuía cargo oficial no governo, teria comandado um gabinete paralelo no Ministério da Educação, com controle da agenda oficial e de verbas públicas. O jornal Folha de S.Paulo revelou um áudio de Ribeiro em que ele afirmava que priorizava prefeituras indicadas pelos pastores a pedido de Bolsonaro.
Prefeitos relataram os episódios em que os religiosos pediram propina em troca da liberação de recursos públicos – entre os pedidos, foram citadas cobranças por barras de ouro e encomendas de Bíblias. A repercussão do caso resultou na saída de Ribeiro da pasta da Educação em 28 de março.
Quando o escândalo veio à tona, o presidente Jair Bolsonaro chegou a declarar que colocaria “a cara no fogo” por Ribeiro. Nesta quarta-feira (22), no entanto, o chefe do Executivo disse que “se a PF prendeu, tem um motivo”, durante uma entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas Gerais, após ficar sabendo da operação.
Bolsonaro também disse que o ex-ministro mantinha “conversa informal demais com pessoas de confiança dele”, o que o prejudicou. “Ele que responda pelos atos deles”, afirmou o presidente. Segundo aliados do governo ouvidos por diversos veículos de imprensa, a prisão do ex-ministro tem impactos sobre a campanha de Bolsonaro à reeleição.
O Ministério da Educação disse em nota que a Polícia Federal esteve na sede da pasta e que o governo federal“não compactua com qualquer ato irregular e o continuará a colaborar com as investigações”. A CGU (Controladoria Geral da União) também participou das investigações do caso colhendo documentos e depoimentos que apontaram para os indícios do esquema de corrupção.
Parlamentares tentam instalar uma CPI no Senado para investigar o caso desde que ele veio à público, mas não conseguiram apoio suficiente. Nesta quarta-feira (22), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou em sua conta no Twitter que faltavam duas assinaturas para que o pedido de abertura da comissão seja feito.
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