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Zambelli saca arma em confusão com lulista nos Jardins

Da Redação

29 de outubro de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h47)

Vídeos mostram deputada bolsonarista perseguindo homem negro em bairro nobre de São Paulo. Um segurança de sua equipe chegou a ser preso

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FOTO: REPRODUÇÃO/TWITTER

Imagens da deputada bolsonarista Carla Zambelli armada perseguindo um homem nas ruas dos Jardins, em São Paulo

Imagens da deputada bolsonarista Carla Zambelli armada perseguindo um homem nas ruas dos Jardins, em São Paulo

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) sacou uma arma e perseguiu um homem negro pelas ruas neste sábado (29) após uma confusão no bairro dos Jardins, zona nobre na região central de São Paulo.

Em vídeo gravado nas redes sociais, ela disse ter sido hostilizada por militantes de Lula ”. Segundo Zambelli, ela foi empurrada, cuspida e xingada por “vários homens. Ela disse que “usaram um negro” para atacá-la. Ao jornal Folha de S. Paulo, a deputada afirmou que houve motivação político-partidária na agressão e que foi interrompida quando estava almoçando com seu filho em um bar. A bolsonarista disse ter acionado a Polícia Militar.

O homem perseguido, o jornalista Luan Araújo, contesta a versão . Também à Folha, ele disse que xingou a deputada depois de vê-la tentando convencer o recepcionista de um bar a votar no candidato bolsonarista ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ele disse que abordou a parlamentar como“cidadão negro”. Araújo também afirmou que não estava em ato de campanha de Lula na avenida Paulista, próxima ao local, mas sim voltando de um chá de bebê na casa de um amigo.

Para além das versões, há vídeos do episódio. Em um deles, editado e compartilhado por Zambelli em suas redes sociais, Araújo e um amigo aparecem discutindo com homens que acompanham a deputada. Exaltando Lula, ele diz que os bolsonaristas “vão voltar para o bueiro de onde nunca deveriam ter saído, filhos da puta”. Em outros registros, ele também chama a deputada de“lixo” e “nojenta”.

Há ainda vídeos gravados por transeuntes, sem cortes. Um deles mostra Araújo gritando “te amo, espanhola”, numa referência a um boato difundido nas redes antibolsonaristas de que a deputada teria sido prostituta na Espanha antes de entrar para a política. Ela tenta agredi-lo pelas costas, mas cai no chão. Ou seja, as imagens mostram que ela não foi empurrada, como alegou.

Depois de se levantar, ela sai correndo atrás do homem pelas ruas, acompanhada por seguranças armados. Um deles saca a arma. Ouve-se um disparo. Testemunhas afirmam ter ouvido pelo menos dois tiros. Zambeli disse que um deles partiu de sua própria arma. “Atirei para o alto”, disse Zambelli. Araújo afirmou que sentiu que um dos tiros foi em sua direção.

Em um segundo vídeo, Zambelli aparece em primeiro plano apontando uma arma para o homem, que é encurralado dentro de um bar. Você quer me matar para quê?”, pergunta Araújo. A deputada pede para ele deitar no chão e pedir desculpas. Segundo relatos, ele foi embora depois disso.

Com o ato, aventou-se que Zambelli poderia ter infringido a lei eleitoral . Uma resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) proíbe atiradores, colecionadores e caçadores, os chamados CACs, de andarem armados 24 horas antes da votação.A deputada, no entanto, tem porte de arma por ser deputada, concedido pela Polícia Federal . Ele poderia poderia estar armada, portanto.

Zambelli, porém, usou o episódio para atacar o presidente do TSE, Alexandre de Moraes. Disse ter “ ignorado conscientemente ” a resolução, que nem tem ela como alvo. A bolsonarista aproveitou para dizer que “normas ilegais não se cumprem” . O segundo turno das eleições ocorre neste domingo (30).

A conduta de Zambelli está sendo investigada pela Polícia Civil de São Paulo. Um dos seguranças da deputada foi preso por disparo de arma de fogo , mas solto após pagar uma fiança de um salário mínimo.

Zambelli é uma bolsonarista raiz que teve votação expressiva na eleição de 2022. Concorrendo ao seu segundo mandato de deputada federal, ela foi a segunda candidata mais votada do estado, com 946 mil votos . Na Câmara e nas redes sociais, é uma das defensoras mais vocais de bandeiras caras ao presidente Jair Bolsonaro (PL), como o armamento da população e a pauta de costumes.

O episódio acontece dias depois da prisão do ex-deputado Roberto Jefferson, outro aliado de primeira hora de Bolsonaro. No domingo (23), ele recebeu recebeu agentes da Polícia Federal a tiros de fuzil e lançamento de granadas em sua casa em Comendador Levy Gasparian (RJ). Os policiais tinham ido ao local para levá-lo para a cadeia após ele desrespeitar seguidamente a sua prisão domiciliar.

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