Extra

‘O Brasil está de volta’, diz Lula em conferência do clima

Isabela Cruz

16 de novembro de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h49)

Ao falar na COP27, no Egito, em sua primeira presença em evento internacional, o presidente eleito fez promessas ambientais e cobrou países ricos por maior financiamento global ao enfrentamento da crise

O Nexo depende de você para financiar seu trabalho e seguir produzindo um jornalismo de qualidade, no qual se pode confiar.Conheça nossos planos de assinatura.Junte-se ao Nexo! Seu apoio é fundamental.

FOTO: EMILIE MADI/REUTERS – 16.NOV..2022

Lula, de gravata com listras verdes e amarelas, fala ao microfone

Presidente eleito, Lula discursa na COP27, no Egito

Em seu principal discurso na COP27, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil “está de volta para reatar os laços com o mundo”. Contrapondo-se ao que vinha defendendo o governo Jair Bolsonaro, o petista defendeu a soberania nacional sobre a Amazônia, mas também ações internacionais multilaterais para o combate à crise climática.

Nesse retorno do Brasil ao debate ambiental internacional, Lula prometeu “fazer mais do que já fez” nos seus dois primeiros governos, quando conseguiu reduzir o desmatamento da Amazônia em mais de 70% enquanto o agronegócio cresceu, e também ser “mais cobrador” do apoio político e financeiro dos países mais ricos.

Ele destacou que, embora os países tenham se comprometido na COP15, em 2009, a providenciar US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 para financiar o enfrentamento às mudanças climáticas pelo mundo, essa meta ainda não saiu do papel.

Entre outros anúncios, Lula afirmou para o mundo as seguintes medidas de seu futuro governo , que começa em janeiro de 2023:

  • Protagonismo do combate às mudanças climáticas dentro do governo, que terá órgão “do mais alto perfil” focado no tema
  • Criação do Ministério dos Povos Originários , “para que os próprios indígenas apresentem ao governo propostas de políticas que garantam a eles sobrevivência digna, segurança, paz e sustentabilidade”
  • Proposta às Nações Unidas para que o Brasil, em algum estado amazônico, sedie a COP30 em 2025
  • Realização da primeira Cúpula dos Países Membros do Tratado de Cooperação Amazônica, com representantes de Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela
  • Compromisso de zerar o desmatamento dos biomas brasileiros até 2030

Na sua fala, o presidente eleito chamou atenção para a necessidade de esforços globais de combate à fome e à desigualdade social e apontou que a política externa brasileira vai se voltar, entre outros pontos, para a cooperação com países da África com investimento e transferência de tecnologia, a aproximação com vizinhos latino-americanos e a defesa da reforma do Conselho de Segurança da ONU, para que abarque mais países e extinga o poder de veto hoje concentrado na mão de apenas cinco potências.

Sobre a política doméstica, Lula disse que em 2022 o país passou por “uma das eleições mais decisivas da sua história”, importantes segundo ele para “ajudar a conter o avanço da extrema-direita autoritária e antidemocrática e do negacionismo climático no mundo”. Lula defendeu o uso de energias mais limpas, como os biocombustíveis e as energias eólica, solar e de hidrogênio, e disse confiar que o agronegócio será “aliado estratégico” do governo “na busca por uma agricultura regenerativa e sustentável, com investimento em ciência, tecnologia e educação no campo, valorizando os conhecimentos dos povos originários e comunidades locais”.

“Temos 30 milhões de hectares de terras degradadas. Temos conhecimento tecnológico para torná-las agricultáveis. Não precisamos desmatar sequer um metro de floresta para continuarmos a ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo”

Luiz Inácio Lula da Silva

presidente eleito, em discurso na COP27, numa fala que se contrapõe à promessa de Jair Bolsonaro de não demarcar “nem um centímetro a mais” de terra indígena

Lula foi à COP27 a convite de governadores dos estados da Amazônia Legal, que têm um estande inédito no evento de 2022, e do presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sissi, que disse esperar um papel “positivo e construtivo” do Brasil no evento. O ministro do meio ambiente do governo Bolsonaro, Joaquim Leite, também já discursou na COP27, fazendo um balanço da gestão atual na área ambiental.

Continue no tema

NEWSLETTER GRATUITA

Nexo | Hoje

Enviada à noite de segunda a sexta-feira com os fatos mais importantes do dia

Este site é protegido por reCAPTCHA e a Política de Privacidade e os Termos de Serviço Google se aplicam.

Gráficos

nos eixos

O melhor em dados e gráficos selecionados por nosso time de infografia para você

Este site é protegido por reCAPTCHA e a Política de Privacidade e os Termos de Serviço Google se aplicam.

Navegue por temas