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PF faz operação contra Bolsonaro por tentativa de golpe

Da Redação

08 de fevereiro de 2024(atualizado 08/02/2024 às 23h35)

Moraes manda ex-presidente entregar passaporte. Braga Netto, Heleno e ex-comandantes militares são alvos de buscas. Ex-assessores do Planalto são presos preventivamente

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FOTO: Adriano Machado/ReutersPresidente Jair Bolsonaro leva mão ao rosto

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (8) uma operação contra Jair Bolsonaro e ex-ministros no âmbito de uma investigação que apura uma tentativa de golpe nas eleições de 2022. 

A operação, batizada de Tempus Veritatis (hora da verdade, em tradução do latim), foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O ex-presidente, que está em sua casa em Angra dos Reis (RJ), foi obrigado a entregar seu passaporte e proibido de entrar em contato com os demais investigados. Também foram alvo de buscas: 

  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
  • Walter Braga Netto, ex-chefe da Casa Civil, candidato a vice de Bolsonaro em 2022 e general da reserva
  • Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional e general da reserva 
  • Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-comandante do Exército, ex-ministro da Defesa e general da reserva
  • Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha e almirante da reserva
  • Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército e general da reserva

Como informou o jornal O Globo, ex-assessores de Bolsonaro foram presos no âmbito da operação. Entre eles estão o militar da reserva Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens da Presidência, e Filipe Martins, ex-assessor especial para assuntos internacionais.

Também foram expedidos mandados de prisão preventiva para Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel da ativa que encontra-se nos EUA, como mostrou o site G1, e o tenente-coronel da ativa Rafael Marins de Oliveira.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que também foi alvo da ação, acabou sendo preso em flagrante por porte ilegal de arma. A detenção, no entanto, não teve a ver diretamente com a operação, mas aconteceu por irregularidades na documentação do armamento, como explicou o Nexo

“As apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas eleições presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital”

Polícia Federal

em nota divulgada nesta quinta-feira (8)

Em comunicado, a Polícia Federal afirmou que o grupo investigado se dividiu em dois eixos na tentativa de golpe de Estado. São eles:

  • Ataques ao sistema eleitoral, disseminando desinformação e atacando o sistema eleitoral desde 2019 até depois do pleito, vencido por Luiz Inácio Lula da Silva
  • Abolição do Estado Democrático de Direito, por meio de Atos para subsidiar uma tentativa de golpe de Estado, “com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível” 

Na decisão de Moraes, registrada na íntegra pelo site Poder360, consta a informação de que a minuta golpista pretendia prender o próprio ministro do Supremo, além de Gilmar Mendes, também integrante da Corte, e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado.

Como explicou o jornal Folha de S.Paulo, as investigações apontam que Bolsonaro teve acesso a esse documento e solicitou que os nomes de Gilmar e Pacheco fossem retirados do plano de prisão, mas pediu que o de Moraes fosse mantido.

Ainda segundo a investigação, o ministro era monitorado em tempo integral, para que, caso o golpe fosse bem-sucedido, ele pudesse ser preso, como mostrou a rede CNN Brasil.

Números da operação

33

mandados de busca e apreensão

4

mandados de prisão preventiva

48

medidas cautelares da prisão, como entrega de passaportes, proibição de deixar o país e suspensão do exercício de funções públicas

Como registrou o Nexo em setembro de 2023, o ex-braço-direito de Bolsonaro, Mauro Cid, revelou em delação premiada que o então presidente consultou líderes das Forças Armadas a respeito de uma minuta de decreto para convocar novas eleições após a derrota para Lula. O documento foi entregue ao ex-presidente por Filipe Martins, preso preventivamente nesta quinta-feira (8).

Na operação, a polícia também encontrou um documento que anuncia a decretação de estado de sítio e de garantia da lei e da ordem no país. O texto foi achado na sala de Bolsonaro na sede do PL. O site G1 contou que o documento não está assinado e é apócrifo (sem autenticidade comprovada).

A Polícia Federal também tem outro documento que mostra planos de golpe do governo Bolsonaro e aliados após as eleições. Agentes também encontraram uma minuta de intervenção no Tribunal Superior Eleitoral na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e mensagens no celular de Mauro Cid nas quais ele discute com militares um passo a passo para um golpe de Estado. O Nexo mostrou em um Expresso quais são as evidências de que o bolsonarismo tramou se manter no poder mesmo perdendo nas urnas. 

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