FOTO: Mike Blake/Reuters - 13.06.2019

O bilionário Elon Musk

O X anunciou neste sábado (17) o fechamento do escritório no Brasil e a demissão de funcionários locais. A empresa não informou o número de cortes, mas já havia reduzido consideravelmente a operação desde 2022, quando Elon Musk comprou o antigo Twitter. 

O bilionário disse que a medida foi uma reação a uma ordem do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, que determinou a prisão de uma representante local da empresa após o descumprimento de decisões judiciais de bloqueio de perfis. A rede continua disponível para usuários no país. 

“Estamos profundamente tristes por termos sido forçados a tomar essa decisão. A responsabilidade é exclusivamente de Alexandre de Moraes”

Equipe de Assuntos Governamentais do X

em publicação na rede social 

Ao comunicar o fim da operação do país, o X compartilhou uma decisão de Moraes em que o ministro afirma que a representante legal da rede social, Rachel de Oliveira Villa Nova, agiu “de má-fé” para evitar uma intimação judicial após a empresa descumprir ordens do Supremo para bloquear perfis investigados por suspeita de praticar crimes. O X classifica as ordens como censura. O Supremo não se manifestou. 

Musk já havia criticado publicamente Moraes e ameaçado descumprir ordens judiciais no país, como registrou o Nexo. O ministro é responsável por decisões que deletaram publicações ou bloquearam perfis investigados em inquéritos sobre ameaças golpistas no Brasil. Em abril, o magistrado mandou investigar Musk no inquérito das milícias digitais.

Desde a compra do Twitter por Musk, em 2022, o bilionário demitiu cerca de 80% dos funcionários da empresa globalmente, e a operação no Brasil — que até então empregava 150 pessoas — também foi reduzida, como relatou o site Infomoney em abril de 2024, quando o empresário ameaçou fechar o X no país.  

A rede social passa por dificuldades financeiras. Grandes anunciantes deixaram a plataforma após o X encerrar equipes de moderação e liberar a circulação de postagens com discurso de ódio, golpes financeiros e desinformação. O próprio Musk compartilha publicações com esse teor — um exemplo recente ocorreu em agosto, com a incitação a atos violentos da extrema direita contra imigrantes no Reino Unido, conforme explicou o Nexo. 

O X deixou de negociar ações na bolsa de valores e por isso não divulga mais seus resultados, mas um fundo de investimento com participação na empresa avaliou que a plataforma perdeu cerca de 70% do valor de mercado após Musk comprá-la por US$ 44 bilhões em outubro de 2022, segundo documentos obtidos pelo site americano Axios.