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Não tenho nada contra cães e gatos, muito ao contrário. Um dos grandes êxitos da história humana foi ter transformado esses parentes do lobo e da onça em pequenos seres afetuosos e engraçados. Depois falam mal da “assim chamada” civilização.
Se conseguimos transformar bichos selvagens em pets, é possível que também terminemos virando coisa bem melhor do que somos agora. E é claro que o convívio nosso, dentro de casa, com algum ente irracional – alegre, como o cachorro, elegante, como o gato, ou pacífico, como o jabuti – só pode nos fazer bem.
Mas toda vez que ouço falar de reforma tributária e vejo alguns sabichões dizendo que “a sociedade não tolera mais impostos”, abro um site de produtos para pets.
Nem sempre esses produtos são caros. Mas mesmo assim. É fácil encontrar, por exemplo, um bolo especial para o aniversário do seu cãozinho. É uma fofura; quase irresistível. Vem com uma velinha “grátis” em forma de osso – para ele apagar. Ou melhor, para você apagar (a menos que algum treinador especializado o ensine à proeza).
Há quem rejeite, entretanto, a ideia de oferecer guloseimas industrializadas e calóricas para o animal de casa. “Já basta o Alfredo!”, suspira a esposa, das profundidades de sua classe “média-alta”.
Marcelo Coelhoé jornalista, com mestrado em sociologia pela USP (Universidade de São Paulo). Escreveu três livros de ficção (“Noturno”, “Jantando com Melvin” e “Patópolis”), dois de literatura infantil (“A professora de desenho e outras histórias” e “Minhas férias”) e um juvenil (“Cine Bijou”). É também autor de “Crítica cultural: teoria e prática” e “Folha explica Montaigne”, além de três coletâneas com artigos originalmente publicados no jornal Folha de S.Paulo (“Gosto se discute”, “Trivial variado” e “Tempo medido”).
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.
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