A física sabe muito sobre o Universo. Ela teorizou e depois encontrou em laboratório todas as minúsculas subpartículas que formam as partículas que compõem os átomos de toda a matéria que existe; desvendou as forças que mantêm tudo isso existindo; enxergou momentos depois da imensa explosão que gerou essa existência. E, no entanto, tudo isso que a física sabe, por mais impressionante que seja, não dá conta de explicar 5% de tudo que existe. Os 95% restantes são puro mistério – é aquilo que os cientistas chamam de “energia escura”.
E eles chamam essa energia de “escura” porque pegaria mal dizer que eles não têm a mínima ideia do que seja. O que se sabe é que o Universo está expandindo cada vez mais rápido, e que as coisas não deveriam acelerar sozinhas. Se está acelerando, é porque tem alguma coisa empurrando: é isso a tal energia escura. Difícil discordar de que se trate, ao menos em termos quantitativos, do maior mistério do Universo.
Pois é a esse mistério que a astrofísica capixaba Marcelle Soares-Santos dedica seus dias de trabalho. Professora da Universidade Brandeis, em Massachusetts, Estados Unidos, ela é uma das coordenadoras do grupo de mais de 400 cientistas que não tiram o olho do céu, em busca de pistas que forneçam uma resposta para essa pergunta imensa. Em 2017, Marcelle fez parte do grupo experimental que registrou pela primeira vez as ondas gravitacionais geradas pelo estrondoso choque entre duas estrelas de nêutrons. Esse feito lhe valeu a prestigiosa Bolsa Sloan para cientistas em começo de carreira – tão prestigiosa que 47 dos seus recipientes acabariam ganhando o Nobel bem mais tarde em suas vidas.
Cientistas do Brasil
Quem:Marcelle Soares-Santos, 38 anos