O despreparo para uma ameaça sanitária que a ciência previu
Mariana Vick
10 de dezembro de 2020(atualizado 28/12/2023 às 13h03)Ao longo de dezembro, o ‘Nexo’ destaca 20 características do nosso tempo que foram escancaradas no ano de 2020. Neste primeiro capítulo, resgata os alertas de cientistas sobre os riscos de uma pandemia viral
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Médicos atendem a paciente com covid-19 e um morcego, animal suspeito de hospedar o novo coronavírus, voa pelo céu
A pandemia do novo coronavírus foi declarada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 11 de março de 2020, cerca de três meses depois do primeiro registro de infecção na China por um vírus desconhecido, que depois recebeu o nome de Sars-CoV-2, causador da covid-19.
Quase um ano depois da descoberta do vírus, mais de 1,5 milhão de pessoas morreram pelo mundo, que acumula 68 milhões de infecções e forte pressão sobre os sistemas de saúde, muitos dos quais encerram 2020 enfrentando uma segunda onda de contágio. Uma crise sanitária, econômica e social sem precedentes nesta geração.
Mas a pandemia não foi uma novidade: foi antecedida por anos de alertas de cientistas. Eles diziam que um evento como a gripe espanhola de 1918 não demoraria a acontecer no século 21. A questão não era se haveria uma próxima pandemia, mas quando ela viria.
Apesar dos avisos, a maior parte dos países não estava preparada para a sua chegada. Estudos anteriores a 2020 alertavam que a segurança sanitária global era fraca e que governos estavam deixando de investir em seus sistemas de saúde para resistir a eventos do tipo. Nos EUA, maior potência mundial, o presidente Donald Trump desfez o aparato de preparação para epidemias em 2018.
A pandemia expôs também os riscos da degradação ambiental. Estudos apontam que a covid-19 é uma zoonose , doença transmitida por animais, provavelmente com origem em morcegos. São infecções que surgem de atividades predatórias , como o desmatamento e a caça, que forçam o contato de humanos com espécies que podem carregar novos vírus.
Quem alertava para o risco de uma pandemia usava como exemplo zoonoses conhecidas, como a dengue, a aids e o ebola. Em 2020, cientistas afirmam que, se a relação com a natureza não mudar, é provável que a crise da covid-19 não seja a única deste século.
Abaixo, o Nexo lista cinco conteúdos publicados em 2020 que ajudam a revisitar e entender o assunto.
Imagem microscópica do SARS-CoV-2, o novo coronavírus
A história das doenças que se alastraram por continentes e os desafios da saúde em escala mundial no século 21
O escritor Salvador Macip
Salvador Macip é autor de ‘As grandes epidemias modernas’. A ‘Gama’ conversou com o catalão sobre as epidemias ao longo da história e o que deve ser feito para lidarmos com as próximas
Multidão em rua de comércio durante a pandemia
Publicada semanalmente, esta série do ‘Nexo’ em cinco capítulos aborda os aspectos sanitários, econômicos, políticos e sociais da pandemia quando o Brasil atingiu 100 mil mortos
Um caminhão passa por uma área desmatada da Amazônia em Boca do Acre
Ao ‘Nexo’, o escritor de ciência David Quammen fala sobre o papel que atividades como a caça e o desmatamento têm na origem de doenças como a causada pelo novo coronavírus
Exemplo de Flavivírus, da família de vírus responsável por doenças como febre amarela, dengue e zika
Qual a relação entre florestas e doenças? Como áreas verdes das cidades podem influenciar o risco de infecções? Qual a hipótese para o surgimento do novo coronavírus? Veja como pesquisas respondem a esses pontos neste material do‘Nexo Políticas Públicas’
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