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Numa cidadezinha do Recôncavo Baiano, uma carreata passou, um cachorro latiu, bam bam bam. Três tiros, o cachorro se arrastando em agonia, gritos dos donos, implorando por piedade. Bam bam, mais dois, e o vira-latas foi morrer em casa, cercado do choro de uma família inteira. Era uma carreata pró-Bolsonaro.
Em Curitiba, um senhor homossexual sumiu, ninguém sabia dele. O porteiro lhe mandou uma mensagem para descobrir se estava em casa. A resposta veio pelo aplicativo: “viva Bolsonaro”. O homem foi encontrado dentro de seu armário, mãos e pés amarrados, a cabeça esmagada a pauladas – foi o assassino que havia respondido ao porteiro.
Em Salvador, um mestre famoso de capoeira foi assassinado com 12 facadas depois de declarar num bar o voto contra Bolsonaro.
Numa estação de metrô do centro de São Paulo, uma menina lésbica é empurrada e por pouco não cai no vão (foi na mesma estação onde dias antes uma torcida de futebol gritava a altos brados “ô bicharada, tome cuidado, o Bolsonaro vai matar viado”).
Em várias cidades do Rio, homenagens póstumas a uma vereadora negra assassinada foram despedaçadas, diante de uma multidão sedenta de sangue. Um dos autores da dessacração elegeu-se o deputado mais votado do Rio. A irmã da vereadora morta foi agredida com a filha de 2 anos no colo.
Denis R. Burgiermané jornalista e escreveu livros como “O Fim da Guerra”, sobre políticas de drogas, e “Piratas no Fim do Mundo”, sobre a caça às baleias na Antártica. É roteirista do “Greg News”, foi diretor de redação de revistas como “Superinteressante” e “Vida Simples”, e comandou a curadoria do TEDxAmazônia, em 2010.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.
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